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Turismo na Serra da Estrela passa pela recuperação do Sanatório
Uma estância na Montanha


Da CP para o Instituto de Luta contra a Tuberculose, para o Ministério da Saúde, para a Turiestrela e, finalmente para a ENATUR. Foi este o percurso do Sanatório dos Ferroviários, desde o seu abandono há quase 30 anos, com o progressivo recuo da doença pulmonar que lhe dava vida: a tuberculose. Hoje, o sanatório é uma ponte para a construção de novas e variadas infra-estruturas turísticas na Serra da Estrela.

A 28 de Novembro de 1998 o Sanatório é vendido pela Turiestrela à ENATUR pela simbólica quantia de 1 escudo. Em troca, entre outras contrapartidas, aquela empresa comprometia-se, num prazo estabelecido, a reconstruir o edifício para o transformar numa pousada de qualidade. Caso contrário aquele voltaria novamente para a Turiestrela. Na altura, a data apontada para a conclusão dos trabalhos foi 2001.
Hoje, o Sanatório aguarda, nas mãos de Souto Moura, arquitecto de renome a quem foi entregue o projecto de reconstrução, um novo visual que não o da degradação a que a cidade se tem vindo a habituar. O que é certo é que nenhuma das partes envolvidas arrisca agora em apontar datas para a abertura da nova pousada, e até a placa que anuncia nos exteriores do edifício a futura pousada, se encontra deixada ao abandono e começa, ela própria, a apresentar sinais de degradação.

Enatur a cumprir

João Raposo, director da Turiestrela, afirma que o projecto está a decorrer com normalidade: "A Enatur está a cumprir perfeitamente os prazos. Se tem de andar depressa ou devagar, isso, já não sei".
Na Câmara Municipal da Covilhã ainda não foram entregues quaisquer projectos relativos a esta obra. Contudo, o vereador João Esgalhado adverte para o facto de poder vir a não ser necessário que este projecto tenha aprovação camarária, visto tratar-se de uma exploração por parte de uma empresa pública. Mas, acrescenta, "o projecto poderá estar um bocadinho atrasado".
Quanto a Souto Moura, descobriu no mês passado fotografias nos arquivos da CP que mostravam que a actual fachada do edifício não é igual à projectada no começo do século por Cottinelli Telmo. Jorge Patrão, presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), em declarações ao Jornal do Fundão, deu a entender que o seu coração pende para a opção pela "reposição fidedigna daquilo que existia no início."

Damos mas também recebemos

Avaliada entre dois e três milhões de contos, a reconstrução do Sanatório ultrapassa as possibilidades financeiras da Turiestrela, o que a obrigou à cedência em favor da Enatur. "Aquele edifício conta com uma localização exepcional. Se devidamente aproveitado, irá dinamizar muito o turismo. Por outro lado, não é só preciso recuperar o sanatório para dinamizar a Serra da Estrela", diz João Raposo. A Turiestrela, através desta cedência ao Estado, neste caso à Enatur, que é uma empresa pública, pretende "matar estes dois coelhos de uma só cajadada" levando a bom termo um contrato-progama com o Estado que prevê não só a reconstrução do Sanatório, mas também a comparticipação em algumas construções de infra-estruturas turísticas na Serra da Estrela. " O Estado compromete-se a construir uma pousada num prazo estabelecido, e apoia-nos devidamente na construção de algumas infra-estruturas turísticas. São estas as nossas contrapartidas"- afirma.

Mais animação

O contrato-programa é, deste modo, apresentado como uma mais valia para a Serra da Estrela enquanto zona turística. Apesar de o Urbi et Orbi não ter, depois de contactos insistentes, conseguido chegar à fala com o presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela, que se mostrou indisponível para prestar declarações, o director da Turistrela levantou um pouco do véu daquilo que o futuro trará à serra: pistas de ski sintéticas em Manteigas; piscinas cobertas aquecidas; pista de gelo; parque desportivo que permita a equipas portuguesas fazerem estágios de altitude já com algumas condições logísticas; hotéis, e mais comércio, designadamente na zona das Penhas da Saúde, considerada por técnicos especialistas suíços e austríacos como o coração da serra. Também a recuperação da oficina da Força Aérea e a Estalagem da Força Aérea já têm projecto concluído.

Sílvia Ferreira

Mais informações em

Souto Moura: a arte do risco no estirador e no papel vegetal

Fotografias antigas do sanatório




 
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