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III Jornadas de Avaliação da UBI
Sub-financiamento compromete qualidade

O Reitor da UBI, Manuel Santos Silva, abriu as III Jornadas de Avaliação do Ensino Superior, na sexta feira, 19 de Março, sublinhando a importância da continuidade destes debates como forma de "estimular a auto- crítica construtiva e o conhecimento próprio dos diferentes agentes da UBI". Mas reconhece que "sem um financiamento público adequado a qualidade de ensino está seriamente comprometida".
Esta preocupação foi reforçada por Vasco Cardoso, presidente da Associação Académica da UBI, que em nome dos alunos referiu a avaliação como "uma acção com consequências concretas" mas que não pode resistir aos "constrangimentos de ordem financeira como os que condicionam neste momento o Ensino Superior Português".
As Jornadas ficaram marcadas pela fraca adesão dos alunos, escassos 20 estudantes estiveram presentes durante as intervenções da manhã, apenas preenchendo 10% da capacidade do anfiteatro. O facto foi criticado pelo reitor no discurso de encerramento: "É fundamental que os alunos participem nestas iniciativas"

No discurso de abertura das III Jornadas de Avaliação da UBI, o reitor, Manuel Santos Silva, ressaltou as qualidades do ensino ministrado pela UBI no panorama nacional como principal preocupação dos órgãos decisores, que prevêem a subida para 50%, dentro de dois anos, do corpo de docentes doutorados.
"A nossa universidade recebe matéria prima que não é da melhor em relação às notas. Temos de fazer um esforço suplementar também devido à localização geográfica, o que não torna fácil e adesão e fixação dos melhores alunos", referiu o reitor. E reforçou a aposta na qualidade sem esquecer "as infra-estruturas, a par de um ensino teórico de qualidade, e um ensino experimental com laboratórios bem equipados".
Sobre o recente referendo à matéria de alteração do calendário escolar, Santos Silva agradeceu a elevada participação dos estudantes. "Verdades absolutas não existem. Julgo que devemos retirar daqui que os alunos também não estão satisfeitos com o actual calendário", esclareceu ao comentar os resultados.

Orçamento de 2000: 92,6% para salários

"O orçamento de 99 foi desastroso, mas o de 2000 é muito pior", afirmou. Santos Silva fez um apelo ao Governo para que na tomada de decisões das Finanças Públicas se esclareça a vontade de financiar ou não os alunos que se perpetuam no Ensino Superior com notas baixas, e como será a aposta na qualidade nos próximos tempos.
"Se multiplicarmos os salários pagos em Dezembro de 99 por 14 meses, o resultado corresponde a 92.6% do orçamento da UBI", explicou o Reitor como forma de elucidação das graves contingências económicas que a UBI enfrenta neste momento. "Uma universidade como a UBI só pode aspirar à qualidade pela investigação e pela diferença", defendeu Santos Silva.

"A auto- análise, a UBI e o follow up"

O vice-reitor e coordenador da avaliação, Luís Carrilho Gonçalves, afirmou a necessidade de criar uma estrutura de coordenação geral para sensibilizar e aplicar as directivas em permanência.
As medidas de fundo que serão tomadas pela UBI recaem sobretudo na garantia de um corpo docente estável e pedagogicamente bem formado; no combate ao insucesso escolar, nomeadamente por um acompanhamento tutorial dos alunos, já implementado em alguns cursos; na criação de cursos complementares; visitas de estudo; a criação de materiais pedagógicos e um ambiente académico e universitário relacional. Também serão tomadas medidas para tornar mais coerente a ligação entre ensino- aprendizagem- avaliação.
Todas as licenciaturas da UBI estiveram representadas nestas jornadas, por docentes que apresentaram os resultados dos relatórios de avaliação das Comissões de Avaliação Externas (CAE), e dos relatórios dos programas de Auto-Avaliação, levados a cabo pelos responsáveis departamentais, docentes e alunos.
Destes resultados, alguns já obtiveram resposta por parte dos órgãos, através de um grupo de medidas follow up, recomendadas pelas CAE e estudadas pelas equipas envolvidas no processo.

Calcanhares de Aquiles...

Dos relatórios feitos pelas CAE sobre cada licenciatura ministrada pela UBI sobressaem alguns problemas comuns. O insucesso escolar é um dos mais destacados, apenas não constituindo problema para a licenciatura em Ciências da Comunicação, onde as taxas de reprovação são baixas. Excepção feita às disciplinas de Semiótica, que em 97/98 apresentou níveis mais animadores; e Matemática.
Engenharia Aeronáutica evidencia um elevado número de desistências. Como forma de inverter esta situação, os vários departamentos da UBI preparam-se para implementar um sistema de acompanhamento tutorial, já aplicado em casos como a Engenharia Civil, Engenharia do Papel e Química Industrial.
As capacidades pedagógicas dos docentes também foram avaliadas, bem como a sua qualificação, tendo sido geralmente referida nos relatórios a necessidade de aumentar o número de docentes doutorados, com especial destaque para as licenciaturas de Economia, Sociologia, Química Industrial, Engenharia Electromecânica e Gestão.
Foi também sugerida a criação de pós-graduações em alguns cursos: Ciências do Desporto e Engenharia Têxtil. A falta de espaços para estudo e para aulas, especialmente no Pólo da Carpinteira, material bibliográfico e de informática foi uma crítica quase unânime. A este propósito o reitor defendeu um melhor aproveitamento do material já existente: "Em menos de um ano foram injectados 500 mil contos nas Engenharias. Há que rentabilizar o material. Quanto aos espaços exíguos, são uma realidade. Antes de 2003 não haverá outra solução, a não ser a possibilidade de transferir alguns cursos para o Pólo I, em Outubro deste ano".
Mário Raposo referiu no debate, em relação à intervenção do professor José Carlos Venâncio, de Sociologia, que se queixava da falta de computadores e bibliografia especializada, que "os meios informáticos não são insuficientes, há uma sala com 40 computadores. Se há computadores, não há necessidade de revistas especializadas."
As precedências e as prescrições foram apontadas pela Comissão como um impasse à progressão dos alunos, e ao franco aumento do insucesso escolar. Alguns cursos já elaboraram uma revisão destes métodos, aliviando o número de disciplinas com precedências, casos de Engenharia do Papel, Engenharia Electromecânica, e Química Industrial.
A necessidade de aumentar as relações com a indústria e o mercado de emprego também foi referida em muitas licenciaturas; tendo sido muito criticada o curso de Engenharia Têxtil por ter terminado com o estágio integrado.
A fixação de docentes e alunos recém-licenciados na UBI necessitam de uma revisão atenta, de forma a criar mais atractivos.

...e pontos fortes

A forte iniciativa dos alunos, em especial os núcleos dos diversos cursos da UBI foi muito saudada pelas Comissões, que consideraram estas iniciativas de grande impacto no desempenho dos alunos em programas de investigação.
A capacidade de prática experimental nos laboratórios da UBI foi reconhecida. Na sua generalidade os laboratórios estão "muito bem equipados".
A solidificação do corpo docente da UBI serve o reconhecimento da qualidade. Neste momento cerca de 32% dos docentes são doutorados, 42% em encontram-se inscritos em doutoramento, e 16% gozam de dispensa de serviço docente.
Santos Silva realçou este facto no discurso de abertura. "A nossa aposta é primeiro na massa humana. Dentro de dois anos o número de doutorados ultrapassará os 50%, meta já atingida em alguns departamentos".
A licenciatura de Electromecânica apresenta uma importante vantagem: não existem licenciados desempregados, sendo estes colocados num período máximo de três meses, como foi referido por Carlos Cabrita, professor desta Engenharia.
O curso de Engenharia Civil foi felicitado pela grande qualidade teórico-prática, garantia de motivação e utilidade para o exercício da profissão.
Semelhante elogio teve Química Industrial, a boa preparação dos alunos é verificada no seu desempenho em empresas e ensino.
A forte internacionalização do curso de Sociologia é bastante positiva, nomeadamente pelos programas comunitários e pelas relações privilegiadas com a universidade de Bristol.

Reitor pede mais participação dos alunos

"Gostaria que nas próximas jornadas houvesse uma maior participação não só de docentes mas também de alunos. É fundamental que os alunos participem nestas iniciativas", disse Santos Silva, no seu discurso de encerramento das III Jornadas de Avaliação, acrescentando que "a presença dos alunos certamente teria animado alguns dos debates levados a efeito". De facto, as sessões ficaram marcadas pela quase nula adesão dos alunos, que nem sequer estiveram presentes na parte da tarde.
A propósito da iniciativa, o reitor congratulou a organização administrativa interna da UBI, que facilitou o bom desempenho desta avaliação. "Todos os anos, os cursos produzem um mini-relatório de auto-avaliação, pelo que é fácil para a UBI responder a este tipo de iniciativas das Instituições de Ensino Superior", referiu. "As intervenções destas jornadas deram-me um melhor conhecimento da Instituição que dirijo", afirmou o reitor reconhecendo o bom trabalho realizado pelas diversas Comissões de Auto-Avaliação.

Segundo ciclo de avaliação a caminho

Findo o primeiro ciclo de avaliação do Ensino Superior Público, iniciam-se os preparativos para o segundo ciclo, que irá atingir todas as instituições superiores públicas e privadas. O guião de auto-avaliação, que respeitará as mesmas condições, foi concluído e aprovado no dia 5 de Março.
As questões a debater no segundo ciclo, apresentadas pelo presidente do Conselho de Avaliação da Fundação das Universidades Portuguesas (FUP), António Simões Lopes, serão: "A finalidade pedagógica", "O processo de prestação de contas perante a sociedade" e "A instauração da cultura da qualidade e de avaliação do desempenho". "O primeiro ciclo foi uma experiência útil e que nos deixou uma significativa margem de crítica para a forma como decorreu", afirmou o presidente da FUP.


Raquel Fragata






 
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