| 
             Ligação Covilhã
            - Guarda de mal a pior 
            Pouca terra,  
            muitas dificuldades 
 
            Quarenta e sete quilómetros
            de linha ferroviária em mau estado, nove pontes com o
            "prazo de validade" já ultrapassado e uma velocidade
            média de quarenta e um quilómetros por hora, são
            a distância que separam a Covilhã da Guarda. Pouca
            terra? Parece. Mas demora uma boa hora a percorrer. Apesar de
            já prometidas as obras, a deterioração da
            linha da Beira Baixa vai piorando, e a segurança dos passageiros
            é cada vez mais posta em causa. 
            A viagem da Covilhã à
            Guarda proporciona a todos os viajantes uma hora e oito minutos
            de pura adrenalina. A Estação, só por si,
            remonta aos tempos mais antigos, transportando todos os seus
            utentes a momentos remotos, não só pela arquitectura
            do edifício, mas também pela escassez de passageiros. 
            Quarenta e sete quilómetros de linha ferroviária
            feitos numa automotora com mais de cinquenta anos, a uma velocidade
            máxima de sessenta quilómetros hora, são
            um dos entraves neste percurso feito diariamente por muitos dos
            habitantes o concelho da Covilhã, e por muitos estudantes
            da UBI, que vêem neste transporte a única forma
            de regressarem a casa. 
            Apesar de a paisagem ser magnífica: montes e vales verdejantes,
            animais em manada e, ao longe até perder de vista, a cidade
            da Covilhã em toda a sua magnitude, as belezas naturais
            envolventes não compensam os pontos fracos do serviço
            prestado. É que para além da linha ferroviária
            se encontrar em profundo mau estado, a própria automotora,
            com mais de cinquenta anos, tem condições muito
            precárias, sobretudo no Inverno, em que o frio é
            quase impossível de suportar.  
            Por outro lado, durante este percurso os passageiros são
            confrontados com nove pontes, que exigem cuidados especiais e
            têm de ser atravessadas a vinte quilómetros hora,
            por razões de segurança.  
            Muitas delas já estão queimadas pelos fogos que
            se proporcionaram na zona, com falta de parafusos e ferros de
            suporte. Aliás, se houver uma avaria e a automotora ficar
            imobilizada no meio das pontes, algumas delas não apresentam
            condições para reparar a avaria, pois não
            se consegue passar a pé. 
            As dificuldades não
            cessam 
            Outra das dificuldades que se
            deparam ao longo do percurso está relacionada com a venda
            de bilhetes. Apesar do comboio parar em cinco apeadeiros antes
            de chegar à Guarda - Caria, Belmonte, Maçainhas,
            Benespera e Sabugal, a venda de bilhetes só se efectua
            na estação da Covilhã. Desta forma, quem
            apanhar o comboio em Caria, terá que comprar o bilhete
            ao revisor. 
            Por outro lado, em questões de horários, as dificuldades
            são permanentes, sobretudo quem quiser ir da Covilhã
            até Coimbra da parte da manhã, pois terá
            que apanhar a automotora das 7h25 na Covilhã, que chega
            à Guarda às 8h33. Depois, para ir até Coimbra
            terá que fazer transbordo, esperando até às
            10h45 minutos para apanhar a ligação, que só
            se efectua neste horário. 
            Já há muito se vem pedindo a remodelação
            da linha da Beira Baixa, ou até mesmo do seu desaparecimento,
            mas a primeira opção implica um orçamento
            muito elevado, e a segunda tornaria cada vez mais difícil
            a ligação da Covilhã ao resto do País.
            Por ora, as soluções tardam, e a insegurança
            dos passageiros aumenta, pois com o passar do tempo, a deterioração
            da linha e das pontes vai aumentando, assim como o risco de acidentes. 
            Sofia Andrade  |