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O vice-reitor Carrilho vê no novo edifício um passo decisivo para um ensino de qualidade

"Temos de motivar
alunos e docentes"

Actualmente com 1408 alunos e 113 professores, 43 dos quais são doutorados, a unidade de Ciências da Engenharia da Universidade da Beira Interior, tem o futuro garantido.
Segundo Luís Carrilho, vice-reitor e responsável pela unidade, a concretização do Edifício II da futura Faculdade de Engenharia permite pensar mais em qualidade e menos em massificação: "Da dimensão das salas (feitas para acolher entre 40 a 60 alunos), até à oferta tecnológica, tudo está feito para que, tanto professores como alunos, melhorem a sua intervenção no sistema de ensino proposto e interagam de uma forma mais válida".
Confrontado com uma média nacional que assegura cerca de sete anos e meio para que um aluno conclua um curso na área das engenharias, o vice-reitor acredita numa inversão, a médio prazo, desses valores. Pelo menos no que diz respeito à UBI. "No total dos cursos estamos a atingir uma média de 150 licenciados por ano. Isto é bom tendo em conta que é uma área em que os estudantes levam bastante tempo a concluir o curso escolhido", justifica.
A má preparação que a maioria traz do ensino secundário, com deficiências a nível da matemática, química e física, não são, no entender de Carrilho, argumentos totalmente válidos para explicar o actual estado de coisas: "O que é que vale lamentarmo-nos e dizermos que vêm mal preparados. Como universidade temos de actuar, valorizando os componentes em que os alunos se possam sentir motivados e, porque não, fazendo o complemento do que não tiveram".

80 por cento de deslocados

Realçar o vector vocacional é, por isso, essencial. "Muitos dos alunos apenas querem entrar no ensino superior e só depois de estarem cá dentro pensam no que realmente querem fazer. Devido a esta situação, a UBI adoptou um sistema pioneiro, que mereceu, depois, o total reconhecimento da Ordem dos Engenheiros. Criámos, para os dois primeiros anos dos cursos, um denominador comum de disciplinas, que permite ao aluno chegar ao fim desse tempo e, se decidir seguir para outro ramo, pode pedir transferência com cerca de 16 disciplinas já feitas, num âmbito de, mais ou menos, 20 possiveis", explica o vice-reitor.
Uma medida que, a juntar à nota mínima de acesso (9,5) e ao sistema de prescrições, pretende melhorar a qualidade de ensino e motivar os alunos a ter uma maior consciencialização das suas responsabilidades. Tarefa árdua, quando se trabalha com um universo em que quase 80 por cento dos estudantes são deslocados: "Recebemos alunos de todo o País, predominantemente dos distritos de Santarém, Leiria, Viseu, Aveiro, Vila Real, Porto e Bragança. Vêm de escolas diferentes e realidades sociais, por vezes, completamente opostas, o que não permite classificá-los dentro de um qualquer padrão de comportamento. Logo, o que é preciso, é conseguir que se adaptem bem à nossa realidade de cidade de média dimensão do Interior, e manter cá quem, de facto, quiser aproveitar as nossas condições".


Maior edifício da UBI é inaugurado no dia 8
A verdadeira
Escola de Engenharia

POR SÉRGIO FELIZARDO*

Chama-se Edifício II e vem completar aquilo que será a futura Faculdade de Ciências da Engenharia. Construído de raiz no local onde, durante largos anos, funcionou a Empresa Transformadora de Lãs, vai albergar três departamentos e equipamentos tecnológicos inovadores. Uma "obra-prima" que, dizem os responsáveis, pode projectar mais alto o nome e o prestigio da Universidade da Beira Interior. O vice-reitor da instituição leva-nos a conhecer o novo espaço.

É a maior obra alguma vez feita pela Universidade da Beira Interior (UBI) e está praticamente concluída. Erguido por detrás da fachada da antiga Empresa Transformadora de Lãs, junto à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, o Edifício II, do que será, em breve, a Faculdade de Ciências da Engenharia, é um "primor" arquitectónico. Mais de 11 mil metros quadrados de área bruta e quase oito mil de área útil. Corredores largos, salas de aulas dimensionadas para um ensino mais equilibrado e pedagógico, laboratórios modernos e equipados com tecnologia de ponta, espaços de lazer e muita luz natural, são algumas das principais características do novo complexo. Tudo construído de raiz, a pensar na utilização final. Ou seja, a pensar nos alunos e, claro, nos docentes.
Luís Carrilho, vice-reitor e responsável pela área das engenharias, acredita que este é o caminho a percorrer, no sentido de projectar, definitivamente, a UBI como um estabelecimento de ensino onde a qualidade é a "regra de ouro". "Em termos de Ciências da Engenharia, com a ligação entre o novo Pólo e o Edifício I, a funcionar desde há três anos, ficamos com a possibilidade de instalar e albergar todos os cursos numa área global com cerca de 18 mil metros quadrados (mais de 12 mil de área útil). O Edifício II vai, assim, albergar parte do departamento de Electromecânica (onde funciona a Mecânica, Electrotécnica, Electromecânica e Engenharia de Produção), Engenharia Civil três especializações) e Engenharia Aeronáutica", realça Luís Carrilho.
Áreas que, de um modo geral, exigem muito espaço e equipamentos laboratoriais com dimensões que não são as mais convencionais: "Se quiséssemos introduzir muitas das máquinas no actual Polo principal da Universidade, teríamos muitas dúvidas em fazê-lo. Não só em termos de dimensão física de muitas delas, como também do impacto que o próprio peso causaria nas estruturas".

"Atrair novos alunos é essencial"

Desenhado pelo arquitecto Carlos Loureiro, responsável pelo projecto da Faculdade de Ciências do Porto, o Edifício II foi adjudicado por mais de um milhão de contos e tem inauguração prevista para o próximo dia 8.
A sua entrada em pleno funcionamento, no entanto, só deverá acontecer no inicio do próximo ano lectivo, em Setembro. "Em Julho começam as mudanças", assegura o vice-reitor.
Mudanças que, para Luís Carrilho, significam o começo de uma vida nova. Não apenas para os cursos em causa, mas para a própria instituição. A aposta é melhorar a qualidade de ensino e atrair cada vez mais alunos. Sem "varinhas mágicas" que alterem as coisas de um momento para o outro, o caminho a percorrer passa, como explica Carrilho, por "várias aproximações": "Mudar o sistema estabelecido, implica toda uma nova cultura de ensino superior e uma auto-avaliação rigorosa. Alunos e docentes têm de procurar sempre mais".
O Edifício II é, todo ele, dirigido para esses fins, nomeadamente para atrair os novos estudantes. "Temos feito muito marketing da instituição nos últimos anos, com a ideia-chave, de que a UBI é uma "universidade real". Isto no sentido de que possui as instalações, os recursos humanos e as infra-estruturas essenciais para que o ensino seja óptimo", sublinha o vice-reitor. O espaço reservado aos Núcleos, as salas de estudo, os dois bares (um para alunos, outro para docentes), a sala de exposições, ou a zona reservada para os gabinetes de docentes e orgãos directivos, assim o confirmam. Nada foi feito ao acaso. "O que o Edifício II tem de mais inovador é, precisamente, o facto de, em termos de projecto, cumprir exactamente o programa preliminar por nós traçado. Há objectivos gerais e é em função destes que depois se definem os objectivos específicos, isto é, as finalidades de determinados espaços e onde se localizam na planta consoante as funções para que vão ser utilizados", confirma Luís Carrilho. Um exemplo são os laboratórios ligados à Geotecnia, à Geologia e à Mineralogia: "São áreas passíveis de ganhar muita sujidade e necessitam de estar próximos da rua, por isso estão instalados nos pisos mais baixos, com acesso directo ao exterior, junto à Ribeira da Degoldra".

Laboratórios triplicam

Em Março, durante uma visita que efectuou às obras, o Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Francisco Sousa Soares, definiu o Edifício II como "uma verdadeira Escola de Engenharia".
"Trabalhamos para isso mesmo", diz Luís Carrilho, visivelmente orgulhoso com as capacidades técnicas que, neste momento, algumas dezenas de profissionais "arrumam" nos locais pré-definidos. Tudo estudado ao pormenor para uma total rentabilização: "Com este Edifício concluído triplicamos o número de laboratórios. Na Engenharia Aeronáutica, por exemplo, tínhamos tudo concentrado num mesmo sítio. Agora podemos separar as águas". Realizar testes e ensaios em sistemas reais é uma das possibilidades abertas. O Túnel de Vento parcialmente instalado no Pólo I, passa definitivamente para um laboratório com mais de 460 metros quadrados e pode, finalmente, ser explorado na sua totalidade.
No campo da Engenharia Civil as novidades são, também, "apetecíveis". "Vamos ter um Canal Hidráulico, construído de raiz, de grandes dimensões, onde poderemos fazer tudo o que seja experimentação. Desde simular praias, cursos de água, ou instalações dentro de zonas bordejadas por rios, até testes de materiais, barragens e estruturas de pontes. Além disso, podemos também contar com um Laboratório de Estruturas em que se poderão fazer todo o tipo de ensaios de vigas, betão armado, ou blocos de cimento", revela o responsável.
A prestação de serviços à comunidade é outro dos vectores que pode sofrer um forte desenvolvimento com a entrada em funcionamento do Edifício II. Luís Carrilho considera que, apesar de já existir uma forte ligação com os Serviços Técnicos da Câmara Municipal da Covilhã, nomeadamente na área da Geotécnia (aterros e outras movimentações de terras), as actuais instalações não permitem uma maior dinâmica. "A partir de Setembro, julgo que a prestação deste tipo de serviços à autarquia será cada vez mais inevitável e essencial. Esse é, obviamente, um ponto de total interesse para nós e para a população", remata.

*NC / Urbi et Orbi






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