Idanha-a-Velha
Madeiro aquece consoada

A Aldeia de Idanha-a-Velha tem as portas abertas para quem a quiser visitar. Pernoitar é que é mais difícil

 Por Rita Lopes
NC/Urbi et Orbi

Idanha-a-Velha é uma Aldeia rica em história e calor humano, mas a falta de alojamento e de refeições é uma realidade que entristece quem desja visitá-la. Esta situação acentua-se quando chega altura das férias e de algum tempo disponível para passear. É o caso da época natalícia em que as pessoas procuram o descanso e o aconchego de uma realidade diferente.
Contudo, nesta altura, a pequena Aldeia Histórica, situada no concelho de Idanha-a-Nova, não pode responder aos desejos de quem procura reviver os tempos dos avós. Dois cafés de "carisma familiar" é quanto Idanha-a-Velha tem para oferecer, um facto que marca a pouca procura dos festejos do Natal. António Robalo, residente, diz que "a falta de aposentos e locais decentes para comer, faz com que não tenhamos visitantes a participar, por exemplo, no madeiro". Uma tradição da noite de Natal que pertence sobretudo aos rapazes que "tenham dado, no último ano, o nome para a tropa". A eles cabe a tarefa de pedir a madeira de azinheira ou sobreiro e de a transportar até ao Largo da Igreja, no centro da Aldeia.
Por falta de rapazes nas condições desejadas, este ano a tradição não se mantém. Cabe, então, à Junta de Freguesia organizar a noite. Cerca de 100 pessoas conversam e petiscam junto à fogueira "até altas horas da madrugada". Dentre elas contam-se os habitantes e os naturais da terra que chegam da capital e de outros pontos do País para festejarem o Nascimento de Cristo com os familiares.

Passagem do século com "os da casa"

A inexistência de turistas no reveillon é uma realidade sobretudo porque "não há uma festa para todos". António Robalo salienta que "a tradição é cada um em sua casa". João Marques, auxiliar técnico de turismo da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, explica que a festa é de carisma familiar porque "a aldeia tem apenas 90 habitantes, dos quais 80 por cento têm mais de 80 anos". A falta de infra-estruturas hoteleiras e o envelhecimento da população levam a Aldeia Histórica a sofrer isolamento turístico nestas e noutras noites. O mesmo não se passa durante o dia, em que "o número de visitantes é bastante bom para uma aldeia tão pequena", garante o técnico.
Contudo, Idanha-a-Velha continua a ser apenas um local de passagem. "O turista vem mas vai" é o que diz a maioria dos residentes. "A pessoa chega, vê e foge para outras paragens onde possa estar confortável", declara António Robalo. O mesmo afirma que "estamos isolados por parte das autoridades". "Há cinco anos, começaram a recuperar casas, fachadas e telhados, mas ainda há muitas casas no centro da Aldeia com chuva dentro". Segundo os residentes, desde essa altura as autoridades garantiram construir turismo de habitação, "mas ainda não se viu nada". Na verdade o problema não é a falta de ideias. João Marques garante que "há projectos de unidades hoteleiras e restaurantes para podermos dar uma resposta turística". Sem autorização para adiantar, reconhece que há bastantes turistas, mas "sem alojamento fica difícil". É durante o dia que a Aldeia Histórica recebe o maior número de visitas, as quais são guiadas pelos técnicos que encaminham para parques de campismo, hotéis e residênciais noutros pontos do concelho. Para já, afirma João Marques, "Idanha-a-Velha é apenas um local de passagem, que fica na lembrança dos que vêm, gostam e levam o desejo de voltar".

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