Por Eduardo Alves


As cidades e os edifícios que lhe dão vida devem ser pensados "de acordo com a sua função"

Muitas das vezes não se pensa na importância de um edifício, concebido de uma determinada maneira, para um lugar específico. Na maior parte dos casos, técnicos, construtores e proprietários “tendem a minimizar o papel do arquitecto e as suas ideias num projecto final”. Quem o diz é Bak Gordon, um dos mais conceituados arquitectos contemporâneos. Licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa em 1990, dirige actualmente um gabinete de arquitectura em Lisboa. Vencedor do projecto de construção da Embaixada de Portugal em Brasília – Brasil, detém também vários outros prémios por trabalhos realizados na área dos parques naturais e edifícios públicos.
Gordon começou por dizer a cerca de duas dezenas de alunos que assistiam à conferência que “muitas das vezes, o que se aprende durante uma licenciatura não vai ser aplicado na prática, de forma tão rígida”. Isto porque “a arquitectura é, sobretudo, uma forma de criatividade e expressão pessoal”.
Ainda assim, este profissional alerta para o facto de hoje “não se pensar na importância dos edifícios, na sua utilidade, na sua localização”. É pois, “dever do arquitecto, enquanto pólo aglutinador de várias interpretações como a do proprietário, a do engenheiro ou a do paisagista, idealizar um projecto com utilidade e significado”. Para este arquitecto, cada edifício desempenha um determinado papel e carrega uma determinada importância e significado. Segundo o mesmo “não faz sentido colocar edifícios citadinos no centro de uma aldeia deserta, ou colocar um edifício habitacional num bairro de serviços”.
Pensar as cidades “mas pensá-las à escala e à importância que cada elemento deve ter” é a solução para um problema grave que se verifica em Portugal. A falta de planos estratégicos de desenvolvimento das cidades “é o principal ponto negro” no crescimento “mal feito” dos centros urbanos lusos. Gordon acabou por dizer que “cabe aos actuais e futuros profissionais desta área tentar corrigir o que está feito” e não cair nos mesmos erros do passado.