A burocracia excessiva e uma falta de apoio inicial continuam a ser entraves à criação de empresas
Debate sobre região
Empreendedores precisam-se

Falta de informação e burocracia continuam a ser dois dos principais entraves ao surgimento de novas empresas. Mudar o cenário actual e aumentar a capacidade empreendedora entre os mais jovens são caminhos apontados pelo CIEBI.


Por Eduardo Alves


Portugal é um dos países europeus onde a população se mostra mais motivada para apostar num negócio individual. Ainda assim, essa iniciativa cai para índices baixos quando se pretende passar da ideia à prática. Num debate promovido pelo Centro de Inovação Empresarial da Beira Interior (CIEBI) foram apresentados alguns resultados pouco animadores no que respeita ao empreendedorismo.
Num país onde “a grande parte do tecido empresarial é constituído por pequenas e médias empresas, não existe uma política de apoio e incentivo capaz de promover esses mesmos negócios”, refere Luís Santos Fernandes autor do trabalho “Estudo de Sustentabilidade das Empresas Recém-criadas”. Este trabalho, tornado público na passada semana, na UBI, apresenta vários indicadores que atestam o facto de “não ser apenas necessário incentivar o empreendedorismo, mas também acompanhar todos os que se lançam na aventura de ser empresários”. Durante a análise dos resultados obtidos por este estudo, os responsáveis do CIEBI apontaram para vários factores que têm condicionado a promoção e sustentação do tecido empresarial português. Muitos dos apoios cedidos a Portugal “não foram bem aplicados”. A este facto advêm ainda “a falta de responsabilidade de todos os que beneficiam de dinheiros indevidamente”. A crítica lançada na Covilhã aponta para muitos empresários que não “investiram na modernização, nem na mão-de-obra qualificada”.



Mais acompanhamento e menos burocracia

Investir na formação é "cada vez mais necessário" refere o relatório do CIEBI

Ainda assim, com quadros económicos e financeiros “algo negros”, os portugueses não perdem a vontade de criar um negócio “por conta própria”. Contudo, a diferença entre a ideia e a prática “é brutal”. Isto porque, “existe uma série de factores que levam a que as pessoas a desistir de criar uma empresa assim que começam a tratar de assuntos legais e burocráticos”, adianta Luís Fernandes.
No entender do autor do estudo apresentado na Covilhã, a burocracia excessiva e a falta de apoio aos jovens empresários, “são dois factores preponderantes para que a o cenário português se mantenha negro como até aqui”. Reportando-se às mais recentes iniciativas ao empreendedorismo Fernandes, sublinha que “não basta dizer a um jovem para investir em determinado negócio”. Este estudioso refere que “é essencial que um novo negócio seja acompanhado em termos burocráticos, legislativos e de contas”, de forma a que “os primeiros tempos, os mais difíceis, sejam também os mais apoiados”.
Na óptica dos responsáveis pelo CIEBI, “em Portugal há vários obstáculos à inovação tecnológica”. Muita coisa tem sido feita, “no bom sentido”, mas também ainda há muito por fazer. Eliminar a burocracia, estudar o perfil dos empreendedores e as áreas de investimentos são caminhos apontados por estes responsáveis para um melhor cenário que o actual.