A UBI recebeu o encontro onde se discutiu o futuro desta área
Perspectivas no sector em análise
Que futuro para o têxtil?

Universidade da Beira Interior, Universidade do Minho e Université de Haute Alsace reuniram na Covilhã para debater questões relativas à implementação do Processo de Bolonha nos cursos da área têxtil. Em vista está a criação de uma rede entre estas instituições de forma a conseguir apoios financeiros para avançar com projectos inovadores de grande dimensão.


Por Catarina Rodrigues


Qual será o futuro do ensino na área do têxtil? Esta foi a questão que reuniu o Departamento de Ciência e Tecnologia Têxtil da Universidade da Beira Interior, o Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho e a Ecole Nationale Superieure des Industries Textiles de Mulhouse da Université (ENSITM) de Haute-Alsace, em França.
O encontro que decorreu ontem, dia 6 de Fevereiro, no pólo das Engenharias, visou reflectir sobre os passos que devem ser dados no âmbito dos desafios lançados pelo Processo de Bolonha tendo em conta a necessidade de repensar a formação nesta área à luz da actual conjuntura económica.
Manuel Santos Silva, reitor da UBI, sublinha o facto de actualmente existirem “apenas quatro escolas europeias com cursos na área da Engenharia Têxtil”, as três instituições envolvidas nesta iniciativa e mais uma na Alemanha. O reitor da UBI referiu a possibilidade de criar uma rede entre as três Universidades de forma a conseguir apoios financeiros para avançar com projectos inovadores de grande dimensão. “O próximo quadro comunitário de apoio, em princípio, só apoiará projectos de grande envergadura. Se conseguirmos fazer uma rede das escolas que estão ligadas ao estudo das fibras têxteis e papeleiras, provavelmente seremos capazes de competir com projectos inovadores ao nível da comunidade europeia e ter financiamento para tal”, explica. Está assim lançado o desafio que promete apostar na investigação e na inovação.



O exemplo francês

A questão do Processo de Bolonha foi abordada no evento

Santos Silva explica ainda que “a situação das três instituições é semelhante ao nível das formações oferecidas”. A dificuldade em captar alunos é também um factor em comum. A Ecole Nationale Superieure des Industries Textiles de Mulhouse está a ultrapassar esse problema, mas tem uma posição estratégica privilegiada. Marc Renner, da ENSITM, considerou este colóquio “muito importante” e refere que a Universidade a que pertence “está localizada no coração da Europa, próxima da fronteira com a Alemanha e a Suiça, e esse é um elemento francamente positivo”. Segundo este responsável “a aplicação do Processo de Bolonha na França também não está a ser simples, havendo algumas confusões”. Renner falou sobre a aplicação deste processo na Universidade a que pertence focando as atenções no caso concreto do têxtil.
Rui Miguel, presidente do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxtil lembra que esta instituição francesa é mais antiga do que a UBI e conta com maior experiência acumulada, “fazendo por isso todo o sentido que nos juntemos nestes colóquios para debater ideias”. Este responsável acredita que “com novas propostas de formação, mais atractivas, actuais e modernas, que vão ao encontro das necessidades da indústria, é provável que se consigam captar mais alunos”.



Os dados estão lançados

Rui Miguel considera que “o ensino universitário não se pode afastar do que está a acontecer no mundo económico”. O Processo de Bolonha pede uma mudança de paradigma. A aprendizagem deve ser centrada no aluno exigindo-se um corpo docente qualificado. “Temos condições para avançar e queremos estar no pelotão da frente”, sublinha o presidente do Departamento.
Na iniciativa, onde estiveram presentes docentes, representantes das várias instituições e também da indústria têxtil, foi também abordado o futuro do sector. Foram colocadas questões importantes sobre a duração que devem ter os cursos, a proximidade que devem ter com as empresas e o facto de serem mais ou menos científicos.
A possibilidade de criar mestrados integrados também foi colocada. Segundo Santos Silva, “esta é a opção que dá menos trabalho, mas é mais do mesmo”. Por isso o reitor da UBI lançou o desafio: “em determinadas áreas científicas, fará sentido um curso intermédio, oferecendo uma saída ao fim do 3º ano?”
Ao longo do encontro foram apresentados os vários cursos da área têxtil em vigor nas três universidades e as mudanças previstas com o Processo de Bolonha. Hoje a iniciativa continuará com reflexões na área da investigação e com a possibilidade de constituir pontes e encontrar sinergias entre as três instituições.