20º Aniversário da UBI
Faculdade de Medicina
“é um projecto exemplar”

Como prenda pelos seus 20 anos, a UBI abriu as portas da nova Faculdade de Ciências da Saúde. A inauguração contou com a presença do primeiro-ministro José Sócrates que lembrou todo o trajecto percorrido desde o começo da licenciatura em Medicina até hoje. Um percurso que classificou de “histórico” e que “fica marcado pelo sucesso”.


Por Eduardo Alves

O primeiro-ministro José Sócrates (à esquerda), o reitor Santos Silva (ao centro) e o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago

Estão abertas as portas do mais recente pólo da UBI. A Faculdade de Ciências da Saúde foi inaugurada pelo primeiro-ministro José Sócrates no passado dia 30 de Abril, data que assinalou os 20 anos da UBI.
Sócrates veio à Covilhã para marcar a entrada em funcionamento da nova faculdade. O edifício, localizado junto ao Centro Hospitalar da Cova da Beira traduz “um dos mais significativos investimentos do Estado nesta região, nos últimos tempos”. Foi já no principal auditório da faculdade que Sócrates falou do curso de Medicina da UBI. O primeiro-ministro confessou que “muitos não receberam bem a decisão de instalar na Covilhã um curso de Medicina”. Os meios académicos “e até políticos” olharam com algum cepticismo a decisão do governo presidido “também por um homem desta região, António Guterres”. Mas mesmo assim, Sócrates confessou que sempre foi depositada grande confiança nos responsáveis da instituição.
No seu discurso, feito de improviso, o primeiro-ministro acaba por dizer que “a história da UBI e da Faculdade de Ciências da Saúde é uma história de sucesso, como poucas”. Isto porque, segundo Sócrates, “em apenas dois anos colocaram um curso destes a funcionar”. E se era difícil fazer um curso inovador numa universidade clássica, “mais difícil seria fazê-lo numa universidade nova como a UBI”, sublinhou o líder do Governo.
Foi perante um auditório repleto que o chefe do governo anunciou o reforço de 60 por cento nas verbas destinadas a apoiar projectos de investigação e desenvolvimento, “o maior aumento de sempre nesta área”. Este acréscimo representa para Sócrates “um forte investimento no Ensino”.




Melhores condições para o interior

Sócrates abordou ainda “o importante papel desempenhado por este curso na junção dos diferentes hospitais da região”. Na óptica do primeiro-ministro, o curso de Medicina veio aproximar os três hospitais da região, nesta primeira fase, e contribuir também “para a fixação de médicos nesta zona interior do País”.
Este ponto mereceu também reparos do primeiro-ministro que classifica estes investimentos como contributos “para que as pessoas desta região tenham acesso a serviços da mesma qualidade que no litoral”. Sócrates sublinha o contributo da UBI para a formação de médicos que ficam pelas regiões do interior do País e onde se pretende “que haja a mesma qualidade nos cuidados de saúde” comparativamente com outros países europeus.




UBI aposta na qualificação e internacionalização

Santos Silva lembra que o orçamento das universidades tem de ser reforçado

Manuel Santos Silva, reitor da UBI começou por abordar a aposta da UBI na internacionalização e na qualificação do corpo docente, para vencer a localização geográfica e também “desenvolver uma estratégia de afirmação no meio”. Actualmente a UBI “conta com um dos melhores índices de postos de informática por aluno, a nível europeu”. Um dos muitos trunfos para “a introdução de novas metodologias pedagógicas, com a aprendizagem centrada no aluno”.
Este tipo de iniciativas tem os seus benefícios como é “o crescimento de alunos nos últimos anos, um factor apenas registado pela UBI”, ao nível das universidades portuguesas. Mas que “também tem os seus custos”. Santos Silva lembrou o chefe do governo para o facto de que “o orçamento de Estado transferido por aluno tem vindo a decrescer, contrariamente ao que sucede em outras universidades situadas em grandes centros urbanos”.
Um dos pontos mais frisados pelo reitor da UBI vai no sentido de alertar para o “imprescindível reforço do orçamento” da instituição. Isto porque, aos 337 alunos de Medicina que actualmente estudam na Covilhã, no próximo ano juntam-se mais cem e o Contrato de Desenvolvimento para a implementação deste curso, que prevê um orçamento individualizado, relativamente às contas da universidade, “não está a ser cumprido desde 2003”.




Novas instalações e mais acção social

Foi também em dia de assinalar os 20 anos de ensino superior que Santos Silva lembrou o futuro da UBI. Entre outros projectos, a instituição necessita agora de apetrechar o Centro de Investigação em Ciências da Saúde, ampliar os Serviços Centrais da Reitoria e construir a Unidade de Artes e Letras. Uma estrutura que deve integrar também um plateau para a licenciatura em Cinema e os gabinetes dos docentes. Para este ano está também prevista a conclusão do Complexo Pedagógico das Ciências do Desporto e o Centro de Formação e Interligação da UBI.
A instituição conta também com 80 por cento dos seus alunos deslocados, 40 por cento destes são bolseiros. Santos Silva lembrou que “é necessário assegurar as suas necessidades básicas e garantir que as razões de ordem financeira interfiram no mínimo com o seu sucesso escolar”.




AAUBI pede mais atenção

Bruno Carneiro deu voz às necessidades dos alunos

Foi um discurso virado para os alunos e para o papel destes dentro da UBI que marcou a intervenção de Bruno Carneiro, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI). O estudante de Engenharia Civil não deixou de tecer elogios ao novo pólo da instituição e também ao esforço que tem vindo a ser feito para melhorar as condições dos estudantes que frequentam na UBI. A data histórica “que representa o virar de mais uma página importante para a UBI” serviu também para que o dirigente estudantil pedisse “mais apoio social ao nível das bolsas e das cantigas”. Carneiro, neste ponto voltou a frisar o caso do Pólo IV para onde está prevista a construção de uma cantina, mas que “até agora ainda não passou das intenções”.
Na sua intervenção, Bruno Carneiro lembrou ainda que “não chega colocar os equipamentos, como computadores e outros, ao serviço dos alunos”, é necessário também adequar horários de funcionamento e a manutenção dos mesmos. O presidente da AAUBI lembrou o caso da biblioteca do pólo IV “que encerra às 19 horas” e também “os laboratórios onde apenas podem existir turmas de 15 alunos e destes, só três podem fazer experiências”.
O dirigente não deixou passar em claro o Processo de Bolonha e frisou a importância deste no que respeita à centralidade do aluno em todo o ciclo de ensino. Carneiro aproveitou a ocasião para recordar que “a UBI tem dos melhores profissionais nas suas áreas, em termos de conhecimento e investigação”, mas em questões pedagógicas “existem alguns docentes que levam nota negativa”.
Já no final da sua intervenção Bruno Carneiro “arrancou” uma salva de palmas do público presente na cerimónia ao defender que para uma cidade como a Covilhã “ficar sem maternidade seria lamentável”.