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Jornal Online da UBI, da Covilhã, da Região e do Resto
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“Admito que possam existir cursos de três anos de engenharia, mas esses cursos não são para formar engenheiros de concepção”

“Neste momento, todo o dossier de reformulação do curso está concluído”

> Eduardo Alves
> Catarina Rodrigues

U@O – Acompanhou o processo de adequação dos cursos a Bolonha. Como vê o facto de as Ciências Aeroespaciais, e a maioria das Engenharias da UBI não avançarem com a adequação a Bolonha já no próximo ano lectivo?
J. B. –
[Ouvir resposta] Quando se começou a avançar para a adequação dos cursos, e falando agora mais especificamente de Engenharia Aeronáutica, tivemos dificuldade em identificar qual era a estratégia da UBI. Pode-se dizer que havia autonomia para as Unidades e para os Departamentos para fazer o que quisessem, mas toda a gente começou à procura de orientações e todos ficaram confusos.
Nós começámos a trabalhar na adequação do nosso curso com uma informação da Unidade das Engenharias que ia no sentido de fazermos um curso bi-etápico e assim procedemos. Fizemos programas, horários completos, disciplinas de opção, perfis, nomes para o grau no final do terceiro ano, nomes para o grau do segundo ciclo com plano de equivalências em disciplinas. Na antevéspera do científico recebemos uma informação, não se sabe bem de onde, que só poderíamos entregar toda a documentação depois de termos preenchido um formulário via electrónica. Aí ficámos algo perplexos porque o problema não é a adequação do curso, não é o de mudar os métodos de ensino, com formas mais viradas para o aluno e para o trabalho deste, o problema é burocrático.
Colocou-se, de imediato, a questão de que iria passar todo o documento que estava em suporte de texto para o famoso formulário electrónico. O presidente do Departamento estava cheio de vontade e depressa se gerou consenso que seria ele a fazer isso. No dia a seguir tivemos logo uma outra reunião de que o formulário estaria a dar problemas e de que existiam locais onde nem eram possível o preenchimento. A juntar a isto tudo tivemos a informação de quem nem todos iria propor uma adequação de três mais dois anos e aí decidiu-se não apresentar este ano e fazer isso só no próximo ano, com trabalho melhorado.
No dia do Senado onde foram apresentados os novos cursos, acabei por sublinhar que muita gente não conseguiu compreender qual era a estratégia que estava a ser seguida pela UBI, que era preciso analisar caso a caso os diversos cursos, identificar tipos de adequações que temos de fazer. Aquilo que disse no Senado vai no sentido de verificar que há cursos com muitas vagas, há alguns que as preenchem outros não, há cursos com nota de acesso mínima de 14 valores e há outros que continuam a ter o malfadado nove e meio, e daí não se poder dizer que os cursos são todos iguais. Tal como em Medicina o tratamento deve ser adequado ao diagnóstico. A primeira coisa a fazer seria identificar tipos de cursos, dar resposta aos próprios no sentido do que é que se devia fazer para cada curso. Nessa altura decidiu-se que se Aeronáutica não estava preparada para avançar, outros cursos também não deveriam fazê-lo.

U@O – Qual o trabalho que se seguiu?
J. B. –
 [Ouvir resposta] Nós analisámos em que tipo de curso se enquadrava o nosso, identificámos quais eram os aspectos relevantes para condicionar a adequação e a seguir é que decidimos que tipo de adequação é que iríamos fazer. Outro dos aspectos tido em conta é o facto deste curso ser acreditado pela Ordem dos Engenheiros e achámos que isso era bom porque nós fomos, entre outras coisas, membros fundadores da especialização em Engenharia Aeronáutica e temos uma política de participação nas suas actividades e eles nas nossas. Daí que não seria bem estarmos desalinhados com a direcção deles. Portanto, todo o nosso trabalho foi feito no sentido de que, se a Ordem dos Engenheiros acha que um engenheiro de concepção deve ser um profissional de segundo ciclo e se nós pensamos que o nosso engenheiro também deve ser esse profissional virado para a concepção, uma pessoa não para ir resolver o trabalho mais operário, mas sim conceber coisas e resolver problemas, dirigir pessoal, equipas, director de produção, então também devemos adoptar segundo ciclo.
Outra característica que identificámos até à data é a de que nós temos colaborado em tudo com o IST e a Academia da Força Aérea e daí não pensarmos em ir em frente com esta remodelação sem confrontarmos ideias com eles. Nesta comparação de currículos, retirámos depois a Academia, porque esta planeia com uma antecipação de seis anos o número de engenheiros que eles precisam e são esses que eles formam. Aceito isso no ensino militar, porque o interesse público assim o exige. E então confrontámos o nosso currículo com o do IST.
Finalmente, um outro ponto que nós analisámos foi o da nota mínima. Verificávamos aqui que os alunos que vinham para a UBI tinham uma candidatura do seguinte tipo. Concorriam, em primeiro lugar para a UBI e não concorriam para mais lado nenhum, ou vinham em segunda opção de outros cursos mas tinham notas de acesso que não lhes permitiam entrar no IST. E verificámos também que ninguém concorria em primeiro lugar para o IST e em segundo para a UBI. E então verificámos que o curso só existe em duas universidades e se a nota mínima no IST é de 17 ou 18 valores e aqui é de 14 ou 15, onde é que estão os alunos intermédios. Então todas as nossas atenções recaíram sobre a possibilidade de captar esses alunos e para tal tínhamos de subir a nota mínima. Porque normalmente, os alunos que concorrem para o IST concorrem com as notas maiores para os cursos com notas de acesso mais elevadas. Isto dá ideia de que concorrem para o que é difícil, até porque o que é difícil é que é bom. Daí que, há algum tempo, termos chegado a propor a implementação do nove e meio a matemática, como nota mínima o que não gerou consenso, e então propusemos apenas essa fasquia para a nossa licenciatura, mas não foi possível. Mas agora toda a gente foi obrigada a isso e as nossas candidaturas, automaticamente, subiram. E começámos também a ter pessoas em segunda opção, mas que a primeira era o IST.
Com este raciocínio há pessoa que podem julgar que uma segunda opção para a UBI é sempre pior que apenas primeiras opções. Mas nós queremos as duas fatias, os que concorrem em primeiro lugar para a UBI e os que concorrem em segunda opção para o IST e não conseguem entrar.
Neste momento, todo o dossier de reformulação do curso está concluído e já foi mostrado aos alunos, mas ainda ser aprovado nos órgãos pedagógicos e científicos da universidade. Mas, de uma maneira geral, é um curso muito semelhante ao anterior. É óbvio de que nem todas as engenharias têm estes pressupostos inicias. Cada um deve analisar quais são os seus pressupostos, fazer um diagnóstico sobre a sua licenciatura e encontrar um remédio à medida para o seu problema.
Admito que possam existir cursos de três anos de engenharia aqui. Mas nesse caso, as pessoas responsáveis têm de admitir que esses cursos não são para formar engenheiros de concepção. Vamos pressupor que numa determinada área à possibilidade de criar uma engenharia mais na óptica da produção e não da concepção, é melhor estar a fazer um curso a pensar em engenheiros de execução e ter alunos do que estar a pensar numa licenciatura para formar engenheiros de concepção e depois não ter alunos.

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“Neste momento, todo o dossier de reformulação do curso está concluído”


“Admito que possam existir cursos de três anos de engenharia, mas esses cursos não são para formar engenheiros de concepção”
“Admito que possam existir cursos de três anos de engenharia, mas esses cursos não são para formar engenheiros de concepção”


Data de publicação: 2006-07-04 00:00:34
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