Estatuto Editorial | Editorial | Equipa | O Urbi Errou | Contacto | Arquivo | Edição nº. 438 de 2008-06-17 |
U@O -E o ensino na comunicação? Está cá desde a primeira hora, o curso começou por ser comunicação social, como vê essas alterações?
J.G – O ensino de jornalismo na UBI começou em 1989, e fui o primeiro coordenador do curso, que tinha a duração de cinco anos e que se intitulava de comunicação social. O programa era mais baseado numa componente sociológica, mas com o tempo evoluiu mais para uma componente filosófica. A filosofia ficou subjacente ao curso de comunicação social, que entretanto alterou o seu nome para Ciências da Comunicação. Em Portugal, a palavra Comunicação Social é muito usada, ao contrário de outros países, que usam mais a palavra media. Os media são o conjunto dos meios escritos, radiofónicos e televisivos.
U@O -E os alunos, que têm chegado, vêm mais preparados agora?
J.G – Apesar de tudo, e com todas as limitações, os que vinham no inicio traziam uma certa cultura geral, pois os que vêm de agora vêm mal preparados desde a primária até ao secundário. Creio que ultimamente notava que havia uma certa melhoria, mas não é ainda aquela preparação que seria o ideal. Lamento isso, pois quem perde são os jovens, que ficariam muito melhor preparados e formados para o exercício da profissão.
U@O -Para além de docente de jornalismo é também um profissional na área. Como vê essa dualidade de profissões?
J.G – Não vejo incompatibilidade nenhuma, isto hoje é geral. Creio que até tenha uma vantagem, pelo facto de se ser profissional tem-se experiência, e com isso pode-se melhor chamar a atenção aos alunos. É importante sabermos como as coisas se fazem e como é necessário fazê-las.
U@O -Tem também desempenhado funções de director no “Notícias da Covilhã”. Como é que vê esta publicação?
J.G – O “Notícias da Covilhã” fez 95 anos no mês de Maio. É um jornal quase centenário, que começou por se chamar “A Democracia”. Passou por alguns problemas, estando suspenso pelo administrador daquela altura, e passados meses o jornal recomeçou com o título actual. É um jornal que desempenhou um papel importantíssimo na Covilhã e hoje, quem quiser escrever alguma coisa sobre a cidade da Covilhã tem que consultar este jornal. É um jornal que é um documento de toda a cidade e da região. Os nossos leitores abrangem o eixo da Guarda, Covilhã, Castelo-Branco.
U@O -Este é um título de cariz católico. Como vê a função desta imprensa no contexto alargado da comunicação?
J.G – O Notícias da Covilhã é de inspiração cristã, rege-se por princípios cristãos, é global, trata todos os temas gerais. Embora a orientação seja de inspiração cristã, há valores que nós defendemos e discutimos. É uma mais valia para a sociedade pois é dar uma visão dos acontecimentos que os outros não dão. Ser uma consciência crítica da sociedade. Temos uma página dedicada à religião, e de resto tratamos todos os outros assuntos sem tabus e sem complexos, é um jornal global.
U@O -Por ser um título católico tem uma causa social a defender. Pode ser um bom ou mau sinal?
J.G – É um bom sinal, tudo o que é bom para a sociedade é bom para todos. É necessário que existam estes jornais para melhorar a sociedade em todos os aspectos. Só lamento que este governo não veja o valor social desta imprensa regional. As medidas que foram tomadas tendem dificultar a vida destes jornais. Com a nova lei do porte pago, o governo está a degolar muitos jornais. Os jornais são a ligação das comunidades portuguesas em Portugal, e para além disso são a voz das regiões. O curioso é que o governo decreta medidas que dificultam a imprensa regional, e no entanto estes jornais estão na mesa dos ministérios. O jornal é promotor de regiões e do seu desenvolvimento.
U@O -Sendo um dos jornais regionais mais antigos a nível nacional, como vê o futuro do Notícias da Covilhã?
J.G – Vejo o futuro com optimismo, vejo com boas perspectivas a existência do jornal para cativar mais leitores e para continuar a desempenhar o papel que lhe compete, ser inspirador de ideais nobres e de causas sociais para melhorar a sociedade.
U@O-E a imprensa regional, que cada vez vai ganhando mais profissionalismo com a integração de licenciados, como vê o seu futuro?
J.G. – A imprensa regional é fundamental no tecido social português. Os últimos inquéritos da Marktest dizem que a imprensa regional é mais lida do que os jornais diários. No caso do concelho de Castelo Branco, mais de 70% dos inquiridos lêem um jornal regional. A imprensa regional tem ajudado primeiro, a dar estágios aos jovens jornalistas, e em segundo lugar até mesmo empregos. Isso é uma mais valia.
“Vou sentir a falta dos alunos, pois foram para mim uma mais valia”
Perfil de José Geraldes
“Realizei-me em três paixões: na paixão como padre, na paixão como jornalista e na paixão como docente”
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