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Real Fábrica de Panos: 250 anos a urdir o futuro da Covilhã
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 2 de julho de 2014 · UBI Dois séculos e meio depois, a unidade fundada no tempo do Marquês de Pombal integra o conjunto de instalações da UBI, cruzando o passado, o presente e o futuro da cidade. |
A Real Fábrica de Panos assinala 250 anos. De unidade industrial passou a quartel até receber a UBI |
21975 visitas Real Fábrica de Panos e Universidade da Beira Interior (UBI), duas instituições cujos destinos se cruzaram. Com objetivos diferentes, mas iguais na relevância para o desenvolvimento da Covilhã dificilmente a história as podia ter separado. Numa altura em que a velha unidade de produção de tecidos comemora 250 anos, percebe-se que a ligação é mais forte do que o simples facto de ocuparem o mesmo edifício. “Foi um dos maiores investimentos públicos da história da Covilhã”, considera Elisa Pinheiro, antiga diretora do Museu de Lanifícios da UBI, instalado em parte da antiga Real Fábrica. Esta lista inclui a Universidade e a Faculdade de Ciências da Saúde, para citar alguns exemplos referidos pela antiga responsável, recordando que a Real Fábrica também foi um espaço de aprendizagem: “Começou por ser uma escola para os industriais e para os trabalhadores e depois um dos primeiros cursos do Politécnico foi Engenharia Têxtil. Há aqui de facto um contínuo da história que liga no fundo o passado, o presente e espero que ligue o futuro da cidade”.
TARDE DE QUINTA DE ANIVERSÁRIO Para recordar todos estes aspetos e assinalar os dois séculos e meio da criação da Fábrica de Panos, o Museu dos Lanifícios dedicou a Tarde de Quinta, dia 26, a esta efeméride. E ficou a conhecer-se aspetos gerais da construção, importância e história da unidade de produção, que acabou por ser o primeiro passo para a organização de uma atividade que já era relevante na região. “Até 1764 vingava ainda uma multidão de pequenas oficinas e um rol de infindas operações dispersas, tantas como as salas da fábrica a construir. Ao lançar a Real Fábrica de Panos sobre este caos, preparava-se o futuro. Particularmente preparava-se massa crítica, dir-se-ia atualmente. Entrava-se na concorrência, até internacional”, descreveu o atual diretor do Museu dos Lanifícios, António Santos Pereira. E terá sido a primeira instituição a desenhar as ligações numa zona do País que também daria origem à designação da UBI. “Adensa uma região que vinha de Pinhel a Castelo Branco, podendo-se aqui encontrar a matriz de uma Beira Interior”, sublinha o responsável. Construída após uma Provisão Régia de D. José I, em 1770 a Fábrica estava construída. Quatro anos mais tarde, a tinturaria funcionava em pleno e na segunda metade do século XVIII “a Covilhã assumia-se como o grande centro produtor de lanifícios, sem comparação”, salienta Santos Pereira.
100 ANOS DE PRODUÇÃO Passa por privados durante os cerca de 100 anos em que foi uma unidade produtora e, em 1885, a Câmara da Covilhã toma posse do complexo que já não laborava para instalar o Regimento de Infantaria 21, a que se seguiu o Batalhão de Caçadores 2. Na década de 1970 recebe a instalação da Repartição e Tesouraria de Finanças da Fazenda Pública, até que em 1973 dá-se início a outra grande viragem. É neste ano que se funde o futuro da UBI – primeiro como Instituto Politécnico – com o da Real Fábrica de Panos e toda uma história ligada à atividade que marca ainda a Covilhã: os têxteis. A ciência passa a ser um outro motor da cidade que ganha uma nova face urbana com o crescimento da Universidade. António Fidalgo, na sessão de abertura da cerimónia comemorativa, destacou uma das características mais visíveis da instituição que dirige: a recuperação das antigas fábricas, muitas delas próximas da Real, que hoje servem para investigar e aprender.
UBI RECUPERA PATRIMÓNIO “A UBI é um exemplo em Portugal de como um património que era industrial foi reconvertido em património de ensino superior”, disse o reitor da Universidade, recordando o passado de ruínas. “Eram fábricas que tinham ardido e eram restos desses material que aqui existiam. Com uma ação concertada, a todos os títulos notável, a UBI conseguiu recuperar esses edifícios”, explicou. Neste esforço, o elogio especial foi para um antigo reitor: “Ao Professor Santos Silva, com uma energia e capacidade únicas, se deve todo este trabalho extraordinário”. 250 anos depois, a Real Fábrica de Panos abriga a UBI e um dos polos do Museu dos Lanifícios. As atividades fazem jus à régia Fábrica? A resposta – positiva – fica a cargo de Elisa Pinheiro, uma das grandes intervenientes na evolução do espaço museológico: “Quando se musealiza, está-se a transformar património ao nível mais elevado da história da cidade, não só ao nível do edifício, mas também da vida dos trabalhadores e dos empresários. Por outro lado, o Museu não se esgota na Real Fábrica, mas a partir dali, deu-se a musealização da manufatura e da industrialização. É um projeto muito amplo”. |
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