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UBI recebeu II Simpósio Internacional: Espaços de Cister
José Eduardo · quarta, 26 de novembro de 2014 · Continuado Arquitectura e música típicas da Idade Média foram o “prato forte” deste 2º Simpósio, realizado na faculdade de Engenharias da UBI. Exposições e debates foram algumas das actividades presentes no programa. |
II Simpósio reuniu diversos especialistas sobre o tema em que visitaram exposições |
22004 visitas Foi com alguma expectativa que a Universidade da Beira Interior recebeu o “II Simpósio Internacional Espaços de Cister”. Durante os dias 20 e 21 de Novembro o evento organizado pelo Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura (DECA), pelo Centro de Estudo e Protecção do Património (CEPP), pelo Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS) e pelo Centro de Investigação em Território, Arquitectura e Design (CITAD-Fundação Minerva), e com o apoio da Rede de Museus da Covilhã, Câmara da Covilhã, Associação Portuguesa de Cister (APOC), do Museu de Lanifícios da UBI e da revista “Cîteaux: Commentarii cistercienses”, a arquitectura e a música típicas da “Ordem de Cister” , foram os grandes temas discutidos por vários professores e especialistas da área. Exposições, debates e momentos musicais, constituíram algumas actividades que preencheram o cartaz, que ao longo de dois dias fez “renascer” elementos culturais típicos dos séculos mais antigos. Com o objectivo de alertar a comunidade para a existência deste património Ana Martins, directora do curso de Arquitectura e membro da organização do evento, afirma que um outro objectivo importante deste Simpósio foi “fazer a ponte entre o trabalho em curso, o que já foi feito até agora e o trabalho a desenvolver no futuro na preservação destes elementos da Ordem de Cister” afirma. Tendo como base de formação a "Regra de S.Bento", a "Ordem de Cister" está ainda muito presente no nosso país não só através de vários monumentos, mas também através da música. O “Cantochão” é um tipo de canto característico desta época e um exemplo da cultura cistericense e que mereceu algum destaque neste evento. Segundo o musicólogo Luis Henriques, da Unidade de Investigação em Música e Musicologia, “não havia grandes estudos sobre esta temática até há bem pouco tempo”. O musicólogo que nos últimos anos se tem dedicado à pesquisa e reconstituição de pautas musicais sobre o "Cantochão", diz que, “na Universidade Nova de Lisboa por parte do CESEM tem havido um crescente trabalho de recuperação e construção cientifica sobre este tema e que progressivamente e de forma intensiva, se tem criado uma base de dados tanto no CESEM, mas também no projecto ORFEUS, porque a música tem ser feita, interpretada e levada as pessoas que não a conhecem, para estas possam ter uma noção do património musical desta época que alberga vários seculos desde o X ao XIX aquando a extinção dos mosteiros” conclui.
Ao nível da arquitectura existem em Portugal bastantes monumentos representativos desta ordem de Cister, como é exemplo o Mosteiro de Alcobaça. Contudo e ao contrário deste último exemplo a maioria dos mosteiros encontra-se em degradação, abandono ou até mesmo em ruinas. Um desses monumentos é o Convento de S.Bento de Cástris em Évora e que serve objecto de trabalho e de estudo do projecto "Orfeus". Segundo Antónia Bento, professora na Universidade de Évora e um dos elementos deste projecto do qual a UBI é parceira, “ o Orfeus é um projecto relacionado com a música e que tenta recuperar o património musical de S. Bento de Cástris e ao mesmo tempo chamar a atenção para o espaço do próprio Convento que necessita de obras.”. Preocupada com o cenário em torno destas referências culturais e seguindo os ideais do projecto, a professora refere que “ cabe aos mais jovens abrir os olhos e potenciar estes locais. Estes espaços podem ser uma forma de fomentar o turismo e ao mesmo tempo as pessoas a pensarem como seriam aqueles locais e aqueles mosteiros na sua origem e tentar descobrir a sua reconstituição digital, folhetos, etc”. Antónia deixa ainda uma critica às entidades privadas “ que “obrigam” as pessoas a pagar um café ou um quarto para se poder aproximar desses espaços e o poder publico e local deveriam fazer os possíveis para que esses espaços, pudessem ser públicos e sem custos para quem os visita”, termina. O Simpósio além da discussão de projectos e medidas de preservação permitiu dar a conhecer um pouco mais sobre a Ordem Cisterciense e alguns dos seus elementos. Tiago Sousa aluno do curso de Arquitectura foi um dos presentes e segundo ele “foi uma boa palestra, o tema que mais gostei foi a importância da luz na arquitectura. Já tinha conhecimento do Mosteiro de Alcobaça e já la fui mas não sabia em que consistiam as características e os traços típicos, desta ordem de Cister e agora fiquei a conhecer um pouco melhor”. Apesar de o evento ter a duração de dois dias, ao final do primeiro dia de trabalhos as conclusões e as novidades já eram visíveis. De acordo com Ana Martins “foi um dia em que conseguimos expor alguns resultados de projectos em curso pelo ORFEUS. Conseguimos também lançar um novo projecto do departamento de civil e arquitectura em parceria com a câmara da Covilhã e que será um tratamento não destrutivo, no Mosteiro de Santa Maria da Estrela, na Boidobra e que se iniciará em Março. Lá podemos encontrar algo interessante relacionado com a ordem de Cister. Vamos explorar sem destruir para tentar encontrar algo, que na sua época foi bastante importante para a região e no próximo simpósio quem sabe, apresentar conclusões e até mesmo novos projectos”. O próximo Simpósio Internacional Espaços de Cister tem data marcada para o ano de 2016, onde certamente outros temas irão ser discutidos, sempre com o objectivo de manter vivo o que resta desta cultura secular. |
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