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Escrita autobiográfica como método para superar violência doméstica
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 4 de mar?o de 2015 · UBI “Escrever para além do silêncio: escrita autobiográfica com vítimas de violência” estudou esta forma de escrita para superar os problemas decorrentes da violência doméstica. Os resultados, apresentados na última semana, recomendam-na. |
Os resultados finais do projeto foram apresentados na UBI, na quarta-feira, dia 25 |
21960 visitas A escrita autobiográfica pode ser usada como uma estratégia para superar traumas associados a situações de violência doméstica. Esta é a conclusão do projeto europeu “Escrever para além do silêncio: escrita autobiográfica com vítimas de violência”, que encerra este mês e acompanhou 205 mulheres de Portugal, Grécia e Itália. O trabalho foi desenvolvido por instituições dos três países e, em Portugal, integrou a Coolabora e a Universidade da Beira Interior (UBI). Os resultados finais foram apresentados na última quarta-feira, dia 25, na Faculdade de Ciências da Saúde, e apontam para a mais-valia desta abordagem no acompanhamento das vítimas. De acordo com os inquéritos realizados, “a maioria recomendaria a mesma estratégia a outras pessoas”, salienta Manuel Loureiro, docente da UBI que colaborou diretamente com o projeto. Trata-se de uma forma de “revisão por parte da vítima, das suas vivências, sem qualquer forma de pressão, porque o processo está do seu lado”, acrescenta. Isto contribui para a ativação de memórias, mais ou menos traumáticas, que pode levar ao processo de reestruturação cognitiva. Segundo Manuel Loureiro, “incrementa uma perceção perante as necessidades adaptativas que têm de enfrentar e acreditar que têm capacidades e recursos para lidar com a situação e superá-la”. Para a Coolabora, que tem a funcionar na Covilhã um gabinete de apoio a quem sofre deste problema, o projeto teve a mais-valia de garantir competências que podem agora ser partilhadas. “Este tipo de metodologia é importante quer para nós, mas também para a Colabora enquanto gabinete e parcerias com que trabalha. Nós temos uma rede de parceiros muito forte na área da intervenção e este tipo de método acaba por ser importante para partilhamos com a rede”, salienta Graça Rojão, presidente da Coolabora. A responsável entende que o trabalho de três anos serviu ainda para aproximar a instituição de parceiros com quem podem ser desenvolvidas iniciativas em outras áreas, como é o caso do bullying. O projeto foi financiado pela União Europeia e coordenado pela Libera Università dell’Autobiografia (Itália). Integrou ainda a Provincia di Roma - Istituzione Solidea (Itália) e a Rede Europeia Anti-Violência - EAVN (Grécia). As ações incluíram a realização de grupos de foco, formação residencial e análise científica do estado da arte nesta área, entre outras. Participaram 86 mulheres portuguesas sobreviventes ou vítimas de violência de género, provenientes de vários pontos do País, Covilhã inclusive. “Portugal foi onde se verificou uma menor taxa de desistência. Houve sete participantes que abandonaram, por causa de constrangimentos de vida. Mudaram de zona de residência ou de emprego, que não permitiu continuar”, segundo Diana Silva, técnica de apoio à vítima da Coolabora. |
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