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"E se fossemos fazer voluntariado na nossa lua-de-mel?"
Rafael Mangana · quarta, 9 de mar?o de 2016 · UBI Conheceram-se na UBI em 2004. Ela licenciou-se em Marketing, ele em Economia. Onze anos depois, casaram e decidiram passar uma lua-de-mel diferente. |
A empatia entre o casal e as crianças foi imediata |
21996 visitas Foi tudo diferente, desde o começo. "Conhecemo-nos através de amigos, na UBI, e foi o futebol que nos juntou. Íamos ver os jogos do Euro 2004 com amigos comuns e um mês depois ele convidou-me para jantar na véspera do meu aniversário, a 17 de julho", conta Diana Albuquerque Abrantes. "À meia-noite levou-me para uma quinta de família dele, onde estava preparada uma surpresa para celebrar o meu aniversário com direito a velas por todo o lado, bolo, champanhe e até fogo de artifício. Como se diz na gíria futebolística, uma verdadeira "entrada a pés juntos", na qual eu caí, pois claro", confessa Diana. "Desde essa altura, por motivos de estudo ou profissionais, vivemos em diversos países (Portugal, Espanha, Suíça, Irlanda, Finlândia, Índia e China), umas vezes juntos, mas a maior parte do tempo separados", explica Jaime Silva. "Mas, de uma forma geral, sempre fomos conseguindo gerir tudo de forma muito saudável, com muitos quilómetros e milhas de viagens pelo meio", garante o ex-aluno de Economia da UBI. Em dezembro de 2014 Jaime ofereceu a Diana um baú de viagem com um anel. "Um mês depois estávamos a casar nas ilhas Phi Phi. Já que tínhamos começado a namorar no meu aniversário, casámos 10 anos depois no aniversário dele (em janeiro de 2015). A cerimónia foi simbólica, mas teve direito a vestido branco, coroa de flores na cabeça, cartas lidas em alto mar com os respetivos votos e troca de alianças", recorda Diana. "Foi a coisa mais pirosa e lamechas que se arranjou", confessa Jaime, entre risos. De regresso a Portugal, decidiram casar, desta vez "a sério". Onze anos e um dia depois, davam o "sim" oficial perante família, amigos e dois padres. E, porque na história destes dois antigos alunos da UBI nada parece deixado ao acaso, o copo de água foi celebrado na mesma quinta de família onde começaram a namorar. "Tudo isto à volta do casamento foi muito simbólico e queríamos que a lua-de-mel também fosse", conta Diana. "Virei-me para o Jaime e disse-lhe: ‘E se fossemos fazer voluntariado na nossa lua-de-mel?’. Ele olhou para mim com aquele ar de ‘pronto, eu já sei que vou casar com uma louca’, mas passados cinco minutos já estava entusiasmadíssimo", assegura. De resto, o voluntariado esteve e continua a estar sempre presente na vida de Diana, que acabou por "contagiar" Jaime. "O que nos motivou foi este gosto e vontade de nos envolvermos neste tipo de iniciativas. Podemos não mudar o mundo, mas fazemos sempre questão de dar o nosso contributo", revela. "Depois, foi também por nós, por querer viver e participar ativamente em algo especial e tornar a lua-de-mel em algo verdadeiramente marcante e diferente". Depois de procurarem possibilidades em África, nenhum dos dois podia ausentar-se profissionalmente durante tanto tempo quanto o que era exigido. "Até que, através do Facebook, soube que uma pessoa conhecida tinha feito este programa em Bali. Inscrevemo-nos e lá fomos", conta Diana. "Antes do casamento, pedimos aos nossos convidados que, como presente, nos oferecessem um livro para levarmos, o que também tem um significado muito especial para nós, porque ambos gostamos muito de ler", refere Jaime. Para além dos livros oferecidos pelos convidados, contaram com a ajuda do Sporting Clube de Portugal, através da Fundação Sporting, que de imediato disponibilizou material didático e alusivo ao clube para oferecer às crianças. Também a Federação Portuguesa de Futebol colaborou com t-shirts e a Chronopost Portugal disponibilizou os seus serviços para o envio gratuito de todo o material, num total de 40 quilos de mercadoria. Decidiram, então, participar num programa que consiste em ensinar inglês às crianças de Bali de forma lúdica. Depois de uma semana a dois, as duas semanas seguintes foram ocupadas com voluntariado. "Todas as tardes, à 13 horas, íamos para a escola dar aulas aos meninos e ensinar-lhes inglês, também através de jogos e brincadeiras, mas sempre com o objetivo de ensinar inglês às crianças, com especial enfoque nas crianças mais desfavorecidas. Tinham sempre aulas de manhã e à tarde voltavam para esta atividade de tempos livres", explica Diana. "Tivemos uma formação antes de começar por causa das diferenças culturais e diziam-nos para não fazermos isto e aquilo e não lhes tocarmos, mas eles é que nos vinham dar abraços", revela. A adaptação não foi, por isso, difícil. Jaime conta que "as crianças já estavam habituadas a receber voluntários e eram muito recetivas a isso. Perguntavam logo os nossos nomes e o país, e aqui, dizer que éramos do país do Cristiano Ronaldo ajudou bastante, porque todos o conhecem". "Cada voluntário tinha duas turmas e havia sempre dois ou três voluntários por turma. Nos primeiros dois dias estive nas mesmas com o Jaime, mas depois mudaram-me para outra. Os miúdos dessa turma estavam sempre a perguntar ao Jaime por mim e eu ia lá sempre dizer-lhes ‘olá’, são muito afetuosos", conta Diana. "Independente da condição financeira, são crianças muito meigas e a verdade é que nunca vi um pai bater ou sequer berrar para um filho. Foi muito bom, fixaram os nossos nomes logo no primeiro dia, e no último ofereceram-nos desenhos para não esquecermos esta experiência". |
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