Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Síndrome do Interior não afeta saúde do teatro universitário
Bruno Coelho e Renato Santarém · quarta, 16 de mar?o de 2016 · Região Vinte anos volvidos do ciclo de teatro universitário mais antigo do país, TeatrUBI e ASTA falam em dificuldades mas também numa enorme vontade em oferecer teatro aos covilhanenses. |
Este foi o ano que marcou a 20ª edição do Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior |
21987 visitas Fazer teatro na Covilhã não é fácil. No gélido Teatro Municipal, abrem-se as cortinas para uma conversa sobre passado, presente e futuro das duas instituições que dão corpo à 20ª edição do Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior. Um evento que leva um público cada vez mais heterogéneo ao teatro na Covilhã. De mangas arregaçadas, Sérgio Novo, diretor da Associação de Teatro e Outras Artes (ASTA), e Gonçalo Morais, ator e vice-presidente do TeatrUBI, levam avante um projeto consolidado, embora com poucos apoios e uns quantos obstáculos, mas capaz de contornar a “síndrome do Interior”. É o ciclo de teatro universitário que há mais tempo se realiza no país de forma ininterrupta. Talvez também por isso tenha “cada vez mais dificuldade em conseguir financiamento para levar os projetos para a frente”, diz Sérgio Novo. A cultura é importante, salienta o diretor da ASTA, mas é fundamental “criar meios para que ela se possa desenvolver e, sobretudo, apoiar os grupos da terra”. Sem descurar os espetáculos na cidade, o grupo tem levado o nome da Covilhã além-fronteiras. “Há locais em que já sabem onde é a Covilhã por causa da nossa presença lá fora”, refere, orgulhoso. Umbilicalmente ligado ao teatro desde que entrou na UBI, Gonçalo Morais conta já sete anos como membro do TeatrUBI. A vontade de subir ao palco não se desvanece com o tempo. “Continuo porque acredito que a Covilhã permite espaço para trabalhar, para se desenvolverem projetos”, diz o ator. A relação especial que mantém com o auditório também explica a persistência: “O público da Covilhã tem aderido aos projetos e quando há um feedback positivo é sempre motivante”. Os organizadores aplaudem o aumento do número de espectadores e consideram que o trabalho conjunto TeatrUBI-ASTA beneficia não só a qualidade dos espetáculos, mas também a saúde da produção cultural na região. Segundo Sérgio Novo, foi, aliás, o “descontentamento com a realidade do tecido cultural existente” que deu origem a uma cooperação com mais de dez anos. A preparação de novos projetos coincide com cada novo ano letivo, quando a ASTA desenvolve um período de formação com os interessados. Mais tarde, começa a trabalhar com quem decide ficar no grupo, num “trabalho sempre em construção, que é muito interessante do ponto de vista prático, porque não é uma coisa monótona”, relata o diretor da ASTA. Neste “work in progress”, os últimos pormenores são aflorados em janeiro, as peças ficam definidas e começa aí a fase de ensaios. “Este ano tivemos mais de 20 pessoas a querer entrar no grupo”, contam os responsáveis com orgulho. O número de participantes dá oportunidade de desenvolver um segundo espectáculo, paralelamente a “Sangue e Outras Substâncias”, peça estreada no 20º ciclo de teatro, dia 3 de março. No final do mês, começa o trabalho com o segundo grupo, onde há a possibilidade de se integrarem alunos de Erasmus. A apresentação pública acontecerá em Dezembro. Galardoada em terras vizinhas, a difusão teatral covilhanense promete destapar mais cortinas dentro e fora do país. O pedido final é para que a classe política tenha “visão cultural” e erga a bandeira da cultura como uma preocupação central.
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