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"Cancro é fantasma que persistiu para além do conhecimento científico"
Urbi · quarta, 23 de mar?o de 2016 · Região Sobrinho Simões, participou, no passado dia 15 de março, no nono ciclo de seminários CICS-UBI, com a palestra "Diagnóstico, Tratamento e investigação em cancro na era da medicina de precisão". A iniciativa decorreu na Faculdade de Ciências da Sáude (FCS) da Universidade da Beira Interior (UBI), e o docente da Universidade do Porto admite que o cancro é ainda "um fantasma" para muitas pessoas. |
Sobrinho Simões na UBI |
21957 visitas "O cancro tem uma componente afetiva muito forte, as pessoas tendem a valorizar os casos que correm mal, em vez de valorizarem os que correm bem. Hoje em dia resolvemos 60 por cento dos casos, mas essa percentagem não é incorporada na cultura das pessoas como correspondendo a casos bons, enquanto que os que correm mal são incorporados como o reforço de um fantasma", conta o especialista. O também presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, refere que os casos de cancro numa fase inicial "são curáveis a 100 por cento, os avançados, já controlamos a 60 por cento". Por sua vez, "controlamos ou curamos cerca de 97 por cento dos cancros da tiroide", adianta. Na atualidade, este cancro é oito vezes mais frequente no norte do que no sul, mas a taxa de mortalidade é a mesma em todo o país. Analisando a prevalência de cancro ao longo do país, verifica-se que tendo em conta as caraterísticas particulares de cada região, existem diferenças na incidência dos diversos tipos da doença. "Há algumas diferenças, por exemplo, no Alentejo há mais cancro de pele, o melanoma, no interior e no norte temos mais cancro de estômago que nós pensamos que, em parte, é por causa da alimentação, nas cinturas urbanas há cancros de pulmão por causa do tabaco", exemplifica. O patologista menciona que apenas cinco por cento dos cancros são provocados por hereditariedade, os restantes 95 por cento advêm de fatores ambientais. O especialista, defende que em Portugal "não há suficiente ligação entre universidades de medicina e hospitais universitários e, infelizmente, a universidade não tem incorporado tanto a investigação como devia". A título de exemplo, destaca o trabalho positivo que a Universidade do Porto tem vindo a desenvolver nesta matéria. "A Universidade do Porto desde 2008 que fica sempre entre as cinco primeiras melhores instituições do mundo no cancro do estômago e da tiroide, isso foi resultado do nosso trabalho. Agora é verdade que o cancro do estômago é muito raro nos países desenvolvidos, portanto não estamos a competir com Inglaterra, França ou Alemanha, e o cancro da tiroide é um cancro que tem muito pouca mortalidade (3 por cento), são dois nichos onde nós somos muito importantes, e a universidade beneficiou muito disso, o Hospital de S. João é muito bom nisso, o IPO do Porto é muito bom nisso, foi bom para o país", considera. Já com uma carreira de mais de 40 anos, Sobrinho Simões tem sido agraciado com vários prémios, sendo que em 2015 foi eleito, pela revista britânica The Patologist, o patologista mais influente do mundo.
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