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"O nosso objetivo foi ter um evento em Portugal sobre webdocumentário"
Rafael Mangana · quarta, 6 de abril de 2016 · Continuado
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21980 visitas Urbi et Orbi – Como nasceu a ideia para esta iniciativa? Manuela Penafria – Desde logo, os webdocumentários são novas obras que implicam uma equipa multidisciplinar - das áreas do Cinema e do Design - a trabalhar nelas. São muito atuais, no sentido em que são interativas e implicam um novo modo de produção. Interessámo-nos por este tema porque desde o ano passado que os alunos de Cinema e de Design da UBI trabalham em conjunto e este ano há uma equipa a trabalhar num webdocumentário sobre arte urbana e esperamos que no final deste semestre haja um webdocumentário feito por alunos de cinema e de Design da UBI. Esta iniciativa é um incentivo para este tipo de trabalho, até porque o mercado de trabalho já vai implicar este trabalho em equipa com outros profissionais de áreas próximas. Se tiverem que fazer experimentação, que o façam aqui desde logo na academia.
U@O – Que balanço podemos fazer da conferência? Luís Frias - O nosso primeiro objetivo foi começar a ter um evento em Portugal que só se dedicasse a este tema. Tendo em conta as limitações naturais que tivemos na montagem deste evento, o objetivo foi cumprido. De resto, este evento também tem uma característica académica de início da discussão do tema e isso foi conseguido, com contribuições bastante abrangentes. Sendo um contexto universitário, há um foco na parte académica e de investigação deste tipo de pensamento, mas o futuro dirá para onde é que o evento pode crescer. A ideia é dar continuidade e ter mais abrangência, nomeadamente, nos painéis.
U@O - Como surgiu a ideia de complementar a conferência com um workshop? M. P. - A nossa ideia foi colocar os alunos de Cinema e de Design Multimédia a trabalhar em conjunto e para isso houve esta conferência e achámos que seria útil haver também um workshop de webdocumentário, como um efetivo complemento da criação deste tipo de obras. Convidámos o Florian Thalhofer, que criou um software específico para a criação de webdocumentários. É extremamente útil que haja um conjunto de alunos a beneficiar deste workshop, que vai ser alargado aos alunos que estão a frequentar a unidade curricular de Projeto de Cinema I, em conjunto com os alunos de Design Multimédia, em Realização e Produção Multimédia, e também aos alunos de Doutoramento. L. F. - O workshop é uma continuidade prática para este tema, seguindo alguns modelos daquilo que são os eventos que se fazem lá fora dedicados ao webdocumentário, quer do ponto de vista mais científico, quer do ponto de vista dos festivais de webdocumentário, como é o caso do IDFA (International Documentary Fiml Festival Amsterdam), por exemplo, com uma componente muito forte nesta área. A ideia é marcar uma componente mais de pensamento prático em termos de envolvimento do conteúdo.
U@O - E para o futuro, o que está planeado no âmbito desta temática? L. F. - Vamos trabalhar para que para o próximo ano possamos fazer crescer o tema em Portugal, através da UBI, porque neste momento não há nenhum local que trabalhe o tema. Queremos criar alguma visibilidade e se instituições da área se vierem associar ao evento ou associarem as suas próprias dinâmicas, será um objetivo conseguido por aí também. M. P. - Por outro lado, há aqui uma possibilidade de se criar uma nova dinâmica na UBI, mostrar que há aqui um campo que os alunos de Cinema e de Design podem trabalhar em conjunto. De resto, desta conferência vai resultar uma publicação na Doc On-Line, a revista do LabCom.IFP.
U@O - Até onde pode crescer o webdocumentário, nomeadamente em Portugal? M. P. - Na minha opinião, o webdocumentário, enquanto obra, ainda tem muito para dar, até porque provém de várias tradições, pelo menos três. A tradição oficial, nos anos 30, quando foi instituído o documentário enquanto género e a definição criada foi "o tratamento criativo da realidade". A partir dessa definição foram produzidos muitos filmes que tratavam temas sociais, mas também houve um incentivo à criatividade, pela utilização, nomeadamente, de uma voz off ou de banda sonora, características mais tarde aplicadas na televisão. Esta tradição foi mais tarde rejeitada, eliminando a banda sonora, aparecendo o cinema direto nos anos 60, que tinha como princípio captar a realidade conforme ela estava a acontecer. Antes dos anos 30 há dois filmes que mostraram a abertura para a criação de um filme chamado documentário: o "Nanook of the North", de Robert Flaherty e "O homem da câmara de filmar", de Dziga Vertov. O que me parece que o webdocumentário pode fazer é seguir precisamente a via de Dziga Vertov, captando o real, mas quando se está na mesa de montagem colocar todo o tipo de efeitos sobre esse registo da realidade. Essa é a via que penso que o webdocumentário pode seguir. |
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