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Sociólogo Elísio Estanque apresenta livro sobre praxes académicas na UBI
Carla Sousa · quarta, 7 de dezembro de 2016 · UBI Elísio Estanque, docente da Universidade de Coimbra, apresentou, no passado dia 30 de novembro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) o seu mais recente livro intitulado “Praxe e Tradições Académicas”. Com esta obra, o autor pretende desafiar os jovens universitários a refletir sobre estas práticas que fazem parte do quotidiano estudantil. |
A obra “Praxe e Tradições Académicas” pretende desafiar os jovens a refletir sobre estas práticas |
21976 visitas “O objetivo deste livro é desafiar os jovens a questionar as suas próprias práticas, a serem um pouco sociólogos da sua própria circunstância e a perguntarem porquê”, refere. O escritor acrescenta ainda, que desta forma, a obra assume uma função importante “na medida em que pode proporcionar a consolidação de uma consciência social, crítica e uma atitude reflexiva” a vários agentes sociais. Através deste livro, o professor da Universidade de Coimbra salienta, ainda, que procura mostrar que este é “um fenómeno complexo, sendo que essa multiplicidade de aspetos, de dimensões, é o ponto de partida para uma reflexão que nos vai conduzir a um conhecimento maior da juventude universitária portuguesa”. No livro, constam diversos testemunhos sobre a experiência vivenciada em contexto de praxe, desde as mais integradoras até às mais traumatizantes. Porém, o autor alerta que o livro não tem como missão tecer qualquer tipo de consideração depreciativa ou valorativa em relação a este fenómeno. “A obra não é uma acusação contra a praxe, pois a praxe não é uma causa, quando muito é o resultado. Os contornos mais ou menos perversos que ela vem assumindo nos últimos tempos é uma consequência das tendências sociais e a esse nível é que se torna preocupante”, destaca. Em “Praxe e Tradições Académicas”, o sociólogo faz ainda referência a um estudo internacional, que foi aplicado em várias instituições universitárias da América Latina e da Península Ibérica. Concretamente no caso de Portugal, esta análise comparativa demonstrou que cerca de 73 por cento dos estudantes universitários passaram por experiências de praxe, sendo que desses, cerca de 33 por cento consideram que “essas praxes a que foram submetidos foram marcantes e pesadas”, afirma o sociólogo. Um facto, que leva Elísio Estanque a admitir que em território português as praxes “assumem proporções que noutros países não assumem, embora já tenham sido controvérsia em Espanha, no Brasil e em vários outros países”. Assim sendo, o investigador defende que o debate em torno desta temática deve continuar a ser uma realidade, no sentido de fomentar uma atitude pedagógica.“Eu acho que é importante continuarmos a refletir sobre as praxes, não é para lhe pôr um fim, pois penso que isso não é a solução, mas a pedagogia e o diálogo são necessários”, considera. Neste contexto, Elísio Estanque lança uma crítica às instituições universitárias. “Eu acho que a própria universidade no seu conjunto se demitiu de transmitir uma cultura crítica e um pensamento irreverente para as novas gerações, portanto se há uma entidade para a qual este livro dirige uma crítica é para a própria universidade como um todo”, assume. A Conferência/Apresentação do Livro “Praxe e Tradições Académicas” foi organizada pelas Licenciaturas em Ciência Política e Relações Internacionais e em Sociologia da UBI, Departamentos de Sociologia e de Comunicação e Artes da UBI e Núcleo de Estudantes de Ciência Política e Relações Internacionais da UBI. |
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