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Cultura, para onde “caminhas”?
Beatriz Pereira · quarta, 13 de novembro de 2019 · Continuado “Que cultura(s) para o século XXI”, foi o tema do V Congresso Internacional sobre Culturas, que decorreu nos passados dias 6, 7 e 8 de novembro, na Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior. Este colóquio procurou “fugir à narrativa já gasta dos diagnósticos”. |
Foto: UBI |
21983 visitas No dia de arranque deste congresso, dia 6 de novembro, a tarde iniciou-se com a sessão plenária “Cultura na Era do Digital”. Esta sessão foi moderada pelo professor da Universidade Federal da Bahia, Messias Bandeira, e teve como oradores o professor da Universidade do Minho, Moisés de Lemos Martins e o professor da Universidade da Beira Interior, Paulo Serra. Os temas trazidos para debate foram “As Narrativas e a Cultura Digital” e “A Dialética da Cultura na Sociedade Digital”, respetivamente. Um dos coordenadores deste congresso, o professor Urbano Sidoncha, declarou que a questão central deste simpósio surgiu devido “à crise da cultura e às razões que determinam essa crise”, e da vontade de criar “um olhar mais prospetivo, ou seja, um olhar em frente,” relativamente a estes temas. Na perspetiva do docente é importante pensar “numa promessa de futuro.” “Nós precisávamos desse sentido de abertura, de uma promessa que mobilizasse as pessoas, ou seja, que impregnasse a forma como nós nos orientamos nas nossas vidas e no nosso dia a dia”, explicou. Urbano Sidoncha afirmou que o congresso sobre culturas, já na sua V edição, tem vários objetivos, entre os quais responder “à necessidade de consolidar uma rede internacional de investigadores na área da cultura, tendo em contra a centralidade crescente das questões da cultura”, e também “à necessidade de hoje olharmos com alguma atenção para a polissemia da cultura, porque a cultura significa muitas coisas.” “Essa polissemia deixa-nos paralisados e, portanto, era preciso que a academia olhasse para isso com atenção e se dedicasse a essa polissemia e tentasse desconstruí-la”, esclareceu. A cultura é importante para muitas outras áreas, defendeu. “A cultura é sempre relacional e intenção, e nós podemos projetá-la em várias esferas”. “A relação entre os estados, as crises migratórias, resultam dessa dificuldade em perspetivar o outro e em lidar com a diferença do outro, ou seja, as grandes questões hoje são questões culturais de facto e não é por acaso que instituições de referência como a União Europeia se têm dedicado muito seriamente a esse dossiê da cultura”. Urbano Sidoncha afirma que “a cultura está no centro de tudo. A academia demorou algum tempo a acompanhar esse processo de recentramento das discussões e em perceber a centralidade da mesma”. Em relação à sessão plenária sobre “Cultura na Era do Digital”, Urbano Sidoncha referiu que “esta modesta passagem do analógico para o digital, traz-nos questionamentos, interrogações, isto é, suspende o pensamento.” “A própria aceleração de movimento convida a suspender o pensamento.” Aquele responsável disse ainda que “o que nós temos de fazer é reintroduzir pensamento nesse processo, percebendo as virtualidades, os desdobramentos de sentido que essa mudança traz, mas analisando também e interpretando os riscos, sinalizando-os e, portanto, com isso construindo uma relação mais vertical, mais sólida com essa mudança que está aí e que só temos de aceitar.” Este Congresso Internacional sobre Culturas teve origem na Universidade da Beira Interior, em parceria com a Universidade Federal da Bahia e já vai na sua 5ª edição, enconrando-se a sua 6ª edição prevista para o próximo ano, na Universidade Federal da Bahia, Brasil.
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