Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
"A passagem pela UBI fez de mim o que sou hoje"
Rafael Mangana · quarta, 7 de outubro de 2020 · UBI A ideia inicial passava por seguir a área de Design Multimédia, mas foi outro Design a levar a melhor: o Design Têxtil e do Vestuário (atual Design de Moda). João Marques entrou na UBI em 2001, licenciou-se e regressou mais tarde para concluir o mestrado, estando atualmente radicado em Shangai, onde é Design Manager numa multinacional sueca. |
João Marques |
21991 visitas Urbi et Orbi: Porquê Design Têxtil e do Vestuário e porquê na UBI? João Marques: A primeira opção era Design Multimédia e há 20 anos atrás era o que toda a gente queria e estava “a bombar”, mas as médias eram muito altas. A ideia inicial de entrar em DTV e depois mudar para Multimédia, mas acabei por não o fazer pois achava o meu curso mais interessante. E felizmente não troquei.
U@O: Valeu a pena não ter trocado? JM: Sim valeu, porque a esta hora não estava onde estou e não tinha a carreira profissional que tenho e não estava realizado profissionalmente. Aprendi uma arte nova (que é das mais antigas) que me despertou interesse e me cativou, porque era um assunto, uma matéria e era algo novo para mim que estava a aprender, algo totalmente novo e diferente e bastante interessante. A arte têxtil e da tradição têxtil é única na Covilhã.
U@O: Sentiu esse peso da história enquanto estava na Covilhã? JM: Sim um pouco. Praticamente toda a universidade foi construída nas ruínas de antigas fábricas têxteis, temos excelentes instalações e a história está lá em todo o lado. À medida que aprendia a tecnologia, conseguia ver os antepassados e a história da própria tecnologia lado a lado, no museu têxtil, nas instalações, nas máquinas muito velhas recuperadas. Basicamente, é espetacular. Já tive a oportunidade de visitar a universidade têxtil tal como a nossa, na Suécia, e incrivelmente é tudo igual: máquinas e instalações antigas lado a lado com a universidade. Aproveitaram também as fábricas antigas, recuperaram tudo e fizeram uma universidade moderna.
U@O: O que recorda dos tempos da UBI? JM: Bem, o que posso dizer é que se soubesse o que sei hoje, aproveitava melhor e estava mais atento nas aulas e quereria saber e aprender mais sobre o têxtil. Ainda há dias disse exatamente a mesma coisa aqui a um colega meu: se soubesse o que sei hoje, na universidade estaria mais atento e teria aprendido mais. Mas, a passagem pela UBI fez de mim o que sou hoje.
U@O: O que é que a UBI e a Covilhã têm de especial? JM: No meu caso foi mesmo o meu curso, a universidade em si e as condições/instalações para ensinar esta área. E depois, claro, os bons amigos que fiz por lá. E o saber acolher os estudantes e a vida académica da própria cidade. Não parece, mas já vai fazer 20 anos que entrei na UBI. É uma vida.
U@O: Desde que saiu da UBI até hoje, como tem sido o seu percurso profissional? JM: Saí da UBI e fui trabalhar para o norte de Portugal, para Pevidém (Guimarães) na área têxtil do algodão e dos têxteis-lar, onde estive entre 2006 e 2008. Depois, regressei à Covilhã para trabalhar na indústria dos lanifícios como Designer Têxtil mas para a indústria do vestuário. Ao mesmo tempo acabei o meu mestrado também na área de Design Têxtil, na UBI. Em 2011 regressei à minha terra para abraçar um novo projeto, desta vez na indústria do poliéster numa multinacional sueca que produz todo o tipo de tecidos para a indústria automóvel, a Bosgstena. Comecei a trabalhar lá em 2011 também como Textile Designer e Product Designer. Dentro do grupo da mesma empresa, em 2016 fui convidado para um novo desafio para trabalhar e chefiar o nosso novo gabinete de Design em Shangai, na China, sendo atualmente o Design Manager desta unidade.
U@O: Sente que a UBI nesta área está bem cotada no mercado? JM: Não tenho muito feedback, pelo menos nunca me apercebi disso. Mas o que é certo é que, basicamente, todos os meus colegas que acabaram o meu curso, quer no ramo têxtil ou até mesmo no ramo de vestuário, toda a gente está a trabalhar na área e muitos deles já bem cotados no mercado e a desempenhar funções de maior responsabilidade tal como Design Managers ou Head Designers, Senior Designers nas respectivas empresas.
U@O: E como está a ser a experiência num contexto completamente novo? JM: Está a ser espetacular, todos os dias aprendo algo novo, é uma realidade completamente diferente. Pessoas diferentes, culturas diferentes, maneiras de pensar completamente diferentes, velocidade de trabalho e execução totalmente diferentes, muito mais rápidos e eficazes quando bem comandados e instruídos. A língua também é totalmente diferente, mas quando falas a mesma linguagem técnica (têxtil) consegues comunicar perfeitamente com toda a gente sem saberes ou poderes falar a mesma língua (mandarim). Resumidamente, é espetacular e super interessante, todos os dias são diferentes, todos os dias tens novos desafios e aventuras, todos os dias me sinto vivo e com um ritmo incrível. Basicamente é isso. E claro, vejo que aqui tenho margem enorme de progressão e futuro, vejo as coisas a acontecer muito facilmente e rápido, que na nossa área é muito bom.
U@O: Como foi viver e trabalhar em tempos de pandemia e logo na China, onde tudo começou? JM: Por estranho que pareça, foi fácil e tranquilo. Basicamente só tivemos por volta de quatro semanas de quarentena em casa, e quando regressamos ao trabalho senti-me seguro pois uma série de medidas rapidamente e facilmente foram implementadas e sentíamos um enorme controlo, prevenção e preocupação por parte do governo e da minha empresa. Nos primeiros dois meses, para não facilitar, não recebíamos visitas na empresa de pessoas de fora e também não nos deslocávamos em viagens. Depois desse período, uma vez que o vírus estava controlado pelo menos em Shangai e nas província arredores, rapidamente tudo voltou ao normal.
U@O: Que conselhos darias a um finalista da UBI desta área pra vingar no mercado de trabalho? JM: Muito trabalho, persistência, ser inteligente e ver e absorver tudo à volta que nos rodeia. Basicamente, tirar o máximo proveito das oportunidades de emprego que possam surgir e aprender ao máximo um pouco de todas as matérias e áreas que o nosso trabalho e processo possa envolver. Nunca é demais aprender algo novo, pois nunca sabemos o que nos pode esperar amanhã e isso poderá ser-nos bastante útil.
Nome: João Marques Naturalidade: Nelas Curso: Design Têxtil e do Vestuário Ano de Entrada na UBI: 2001 Filme Preferido: Trilogia “Back to the Future” Livro Preferido: “Manhã Submersa”, de Vergílio Ferreira Hobbies: Viajar, fotografia e fazer desporto |
Palavras-chave/Tags:
Artigos relacionados:
GeoURBI:
|