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Vinte anos dia a dia
Urbi · quarta, 30 de dezembro de 2020 · UBI No ano em que a Faculdade de Artes e Letras fez 20 anos, alguns dos rostos da FAL dão o seu ponto de vista e um breve testemunho da sua vivência. São as pessoas que fazem uma faculdade, todos os dias. |
A Faculdade de Artes e Letras da UBI completou este ano o seu 20.º aniversário |
21971 visitas A Faculdade de Artes e Letras (FAL) da UBI completou neste ano de 2020 duas décadas de existência. Porque as instituições se fazem de pessoas, algumas daquelas que têm ajudado a construir a sua história deixam diferentes pontos de vista, diferentes experiências do quotidiano de uma faculdade.
Ricardo Morais, professor de jornalismo "Tive professores que agora são meus colegas. No meu tempo, estava interiorizada a ideia de que os professores são pessoas com mais conhecimentos e estão aqui para os transmitir. Agora isso é uma ideia menos aceite, a geração atual é mais de questionar. Mas a Faculdade deixa uma marca. Vejo alunos no fim da licenciatura a quererem sair daqui, mas quando chegam a outro sítio perguntam-me logo: posso voltar?"
Sara Constante, designer "Hoje há uma ambição de construir a Faculdade, em que todos os cursos façam parte, que trabalhem em conjunto. Ainda não há uma interligação a cem por cento, mas é uma proposta em cima da mesa e que algum dia se vai dar. Gostava de contribuir para uma mudança visual, criar uma identificação, que quando entramos se perceba logo que estamos numa faculdade com áreas diferentes, mas que se contaminam."
Carlos Micaelo, coordenador técnico "Já montei aqui três estúdios de televisão. Fomos crescendo, conquistando espaço. Temos de ir atualizando a tecnologia, mas sem nos precipitarmos, porque há problemas que são detetados passado algum tempo. Também montei um pequeno museu, para os alunos terem noção do que existiu antes do digital. Sou um autodidacta desde novo. No tempo da rádio pirata ia para a Varanda dos Carqueijais e conseguia emitir para um raio de 15 kms."
Paula Cunha, assistente de manutenção "A gente entra cedo. Às sete da manhã não se vê ninguém. Andamos sozinhas a limpar, para estar tudo pronto para as aulas. Pelas sete e meia, começa a aparecer um ou outro aluno. E eu, quando estou ali sozinha com eles, converso. Normalmente são alunos de fora, ficam à parte no início, fazem perguntas e começamos a interagir. Depois já me pedem material. Já pediram uma saia, uma bata, para filmagens. E eu empresto."
Adelaide Reis, secretária "Aqui no secretariado o ambiente de trabalho é muito bom. Mas os alunos vêm cá pouco, só quando vêm marcar uma sala ou perguntar por um professor. A nossa ligação com os alunos é pontual, há pouca proximidade. Com os professores também, são poucos os que estão aqui no dia a dia. Tirando os que são coordenadores científicos ou presidentes dos órgãos, os outros não são muito presentes."
Pedro Jerónimo, investigador "Todos passam ali em frente ao LabCom e nem todos sabem que é uma unidade de investigação. Podia encontrar-se uma solução com o design. A unidade tem potencial para estabelecer mais pontes com estudantes e com colegas. Apesar de estarem muito absorvidos com o ensino, os professores estão recetivos a envolverem disciplinas nos projetos de investigação e fazerem coisas diferentes."
José Romano, assistente operacional "Às 9 horas, cá estavam os alunos a entregar o material de som e imagem. A pessoa principal aqui dentro é o aluno. Quando ele ingressa na faculdade, antes de mais nada, tem de sentir calor humano, disponibilidade, fazê-lo sentir-se em casa. E também acabamos por servir um pouco de educadores. Para nosso desgosto, muitos jovens da Covilhã hoje adquirem o saber na UBI, mas depois ele não é aproveitado na região, é exportado."
Francisco Merino, professor de cinema "Entrei em 1993 como estudante. Fui morar numa república e o Prof. Fidalgo ia lá acordar os alunos. Era tudo na proximidade. Mas acho que na FAL a relação professores-alunos não se alterou muito, eu pelo menos tenho uma relação próxima. Não vou acordar os meus alunos, porque nem sei onde moram, a cidade hoje é muito maior. No futuro, vejo a faculdade com mais cursos e mais digital, a ter uma posição determinante na região centro e no país."
Laure Kurdy, estudante Síria/Arménia "Antes de viajar para Portugal, assustava-me a perspetiva de enfrentar a nova vida universitária e a sociedade Portuguesa, pois não sabia como o facto de ser alguém que vinha de um contexto de guerra teria impacto no modo como me receberiam. Depois de um ano, sinto-me mais tranquila e integrada na universidade. Com o apoio dos professores de Design Multimédia, tive a oportunidade de deixar a minha imaginação voar e começar a ver os meus sonhos tornarem-se realidade." |
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