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"Nenhum sonho é pequeno demais"
Rafael Mangana · quarta, 10 de fevereiro de 2021 · @@y8Xxv Contrariando algumas das pessoas mais próximas, que a incentivavam a voltar a Portugal, quando começou por trabalhar num café, Laura André Sousa perseguiu o sonho e está em Nova Iorque há oito anos, onde é atualmente Creative Director. Entrou na UBI em 2007 para tirar o curso de Design Multimédia e ainda hoje mantém a ligação emocional à instituição e à cidade que a acolheu, recordando com carinho os professores, os amigos e os tempos da "massa com atum". |
Laura André Sousa |
22128 visitas Urbi et Orbi: Porquê Design Multimédia e porquê na UBI? Laura André Sousa: Design Multimédia na altura (2007) era já algo que eu queria seguir. Design de certeza e adição de Multimédia fazia todo o sentido. A UBI não foi a primeira escolha, de todo, mas spoiler alert: foi a melhor coisa que me aconteceu. Ainda hoje sinto uma sorte incrível por ter ido parar à Covilhã.
U@O: Porquê? LAS: Por várias (fortes) razões: criei um grupo de amigos que está visto ser para a vida (este tempo depois, alguns espalhados pelo globo, falamos diariamente todos, e até temos uma tatuagem e tudo do nosso grupito); foi dos melhores tempos que já vivi, tanto pelas amizades, a aprendizagem naquelas idades difíceis e a experiência. Por muito que a vida seja tão boa hoje, ninguém me tira os melhores anos de sempre; por outro lado, pela a cidade, feita quase que para nós. O polo I, cheio de malta boa, os professores dos quais ainda hoje sou amiga e falo frequentemente, as casitas onde morei, as praxes, os exames. Tudo junto foi algo que parece difícil de explicar para alguém de fora. Nós dizíamos a brincar que "what happens in Covilhã, stays in Covilhã" e continua a ser assim.
U@O: Sente que poderia ter sido muito diferente o seu futuro, se não tivesse estudado na UBI? LAS: Sim. Não querendo falar mal de outros sítios, mas teria facilmente caído no caminho das “Lisboas” e dos “Portos” e por aí ficado. A UBI abriu-me as portas todas, tirou-me os medos todos. De competições, de talento, de tudo. Por isso sim, seria diferente. Não acho que estivesse a falar a partir de Brooklyn.
U@O: Por falar em Brooklyn, como é que surgiu essa oportunidade?
U@O: E o que se seguiu? LAS: Algumas decisões importantes e difíceis. Não foi fácil “segurar o barco” aqui ao início. Tinha muita vontade de trabalhar na minha área, mas era muito difícil sem visto e sem experiência cá. E a malta toda em Portugal a dizer-me: “Laura anda para cá, não sejas doida, tens mestrado e estás num café!” Mas insisti e continuei e trabalhei num café durante um ano e depois de mil entrevistas e esforço, consegui uma posição numa agência de publicidade em Manhattan, onde estive um ano a dar o máximo, sempre a sorrir e lá consegui o visto! Depois disso fui contratada noutra agencia já a tempo inteiro, onde estive quase seis anos em Tribeca (Manhattan também) e onde fui subindo ate ser Creative Director, até aos dias de hoje. Atualmente trabalho para uma marca como Creative Director e tomo conta de uma equipa de designers, video designers, writers e web designers.
U@O: Ouvindo aqueles comentários de pessoas próximas, que a incentivavam a regressar a Portugal, alguma vez ponderou desistir? LAS: Essa foi a parte que custou mais, honestamente. Ver a falta de credibilidade e agora a conversa é outra. Nos primeiros anos tive que ir a Portugal de 90 em 90 dias por causa do visto. Sempre uma luta ir tantas vezes e ouvir coisas e voltar com vontade. Mas sim, perseverança e muita vontade. Não ponderei desistir nem uma vez. Eu sou muito otimista, no geral, com a vida. Por isso, a todos os comentários que recebi, respondi que estava feliz com a vida que tinha e que o caminho para se chegar a algum lado tinha que ser positivo.
U@O: Como está a ser trabalhar na área para a qual estudou, num mercado tão grande e competitivo como o dos Estados Unidos? LAS: Tem que ser non stop. Muito, muito trabalho. Tenho a sorte de ter energia para continuar e trabalhar em ser melhor. Com tudo o que aprendi a estudar, mas principalmente em acompanhar a velocidade a que tudo muda. Aqui, os trabalhos perdem-se a toda a hora, não há regras para despedir e, sim, a competição é incrível e eu vejo isso porque parte do meu trabalho é contratar e despedir e eu vejo a quantidade de candidatos que recebo. Chega a ser esmagador! Mas no que me toca, ser humilde, acreditar que tenho valor e que tenho algo para dar vão ser sempre razões pelas quais vou continuar. Estou numa posição muito privilegiada neste momento, admito, e por isso vou sempre estar grata com a oportunidade diária que tenho para mostrar o que valho.
U@O: "Humildade" e "trabalho" poderão ser as palavras-chave para o sucesso? LAS: Sim. Humildade porque vai haver sempre alguém melhor que nós... e pior. Mas não acho certo pensarmos assim. Comparar pessoas e talento nunca vai dar a lado nenhum. Para mim, é importante manter a humildade porque essa é a verdadeira essência de quem somos e do nosso valor. Mantenho o pensamento de que apesar de ter muito sucesso neste momento, venho de um meio pequeno. Venho dos meus queridos professores da UBI, das latadas e de massa com atum. E enquanto mantiver essa honestidade, acho que vou ser feliz. E não vou ser vista como pretensiosa. As coisas vêm. E com isso a palavra trabalho. Não acredito muito em sortes. Acredito em trabalho e luta. E isso aprendi pela forma como fui criada com os meus pais a terem o negócio deles e a ser exposta a essas dificuldades bem cedo. Aprendi bem que querer e sonhar sem trabalhar, nunca vai deixar de ser isso. Corri riscos grandes ao vir assim para cá, mas trabalhei todos os dias para chegar onde estou. E vou continuar.
U@O: Portanto, regressar a Portugal não passa pelos seus planos?
U@O: Nesse sentido, a pandemia que atravessamos não foi um problema?
U@O: Para além do que já foi abordado, que conselhos deixaria a um atual aluno da UBI para vingar nesta área? LAS: Cito Steve Jobs: “Have the courage to follow your heart and intuition. They somehow already know what you truly want to become. Everything else is secondary.” (“Tenha a coragem de seguir o seu coração e a sua intuição. De alguma forma, eles já sabem o que você realmente deseja tornar-se. Tudo o resto é secundário”). O resto vem com trabalho. Nenhum sonho é pequeno demais. Estou a vivê-lo diariamente.
Nome: Laura André Sousa Naturalidade: Coimbra Curso: Design Multimédia Ano de entrada na UBI: 2007 Filme preferido: “HER” e “Wall-e” Livro Preferido: “Sapiens: A Brief History of Humankind”, de Yuval Harari Hobbies: Ilustrações, cozinhar e workout
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