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A chuva trancou as comemorações
dentro da Câmara Municipal

 

 

Nova Escola Primária
na Biquinha


Foi lançada a primeira pedra para a construção da Escola Primária do Bairro da Biquinha, uma infraestrutura aguardada pelos covilhanenses há 25 anos. A obra, situada no Parque Alexandre Aibéo, vai contar com 2080 metros quadrados de área, dispondo de três salas de aula, uma sala polivalente, uma biblioteca, um gabinete médico, uma sala de professores, uma cozinha e várias instalações sanitárias. A nova escola vai ter capacidade para 80 alunos, mas arranca com 36 crianças, logo após a sua inauguração prevista para daqui a quatro meses.Este investimento de 48 mil e 600 contos foi entregue à empresa TecnAg.


Cravos e solidariedade

POR RAQUEL FRAGATA

ste ano as gentes da Covilhã, impedidas pela chuva, não saíram à rua como habitualmente para se juntar às comemorações da Revolução dos Cravos. A autarquia ainda preveniu o mau tempo e anunciou a mudança das actuações dos ranchos dentro de portas, no pavilhão do Unidos do Tortosendo. O povo é que não acudiu.


As comemorações dos 26 anos da Revolução dos Cravos ficaram marcadas pelo início da construção da Escola Primária que entra em funcionamento no próximo ano, no Bairro da Biquinha, uma obra que as gentes do concelho aguardam há mais de 25 anos. O dia não trouxe grande sol e o mau tempo condicionou os espectáculos ao ar livre agendados para a passada 3ª feira, 25 de Abril, que foram transferidos para o Unidos do Tortosendo.
As festividades começaram com a sessão solene no Salão Nobre da Câmara Municipal, onde estiveram presentes os mais altos representantes políticos e sociais da cidade. Os discursos começaram com as intervenções dos representantes dos partidos políticos: PP, PCP, PS e PSD. Foram apresentados dois livros, assinados três protocolos e cedidos dois terrenos.

PCP acusa executivo de despotismo

Armando Morais, do Partido Comunista (PCP), criticou a intenção do Governo de alterar a lei eleitoral dos órgãos do Poder Local. "O Poder Local é a instituição mais bem sucedida desde o 25 de Abril, então porquê alterá-la?". "À medida que nos afastamos temporalmente do 25 de Abril, a atracção pelo poder absoluto vem fazendo adeptos, como é exemplo esta atitude do Governo". E teceu críticas a algumas decisões camarárias, classificando-as de despóticas. "No exercício do poder autárquico da maioria do PSD na Câmara da Covilhã podemos ver também estes traços do Governo PS. O projecto da nova lei eleitoral, visando o fim da existência de cargos plurais tem a sua melhor semelhança na nomeação da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia do Paul, cuja composição, de partido único - PSD, faz lembrar situações anteriores ao 25 de Abril", acusou o representante do PCP.
Criticou também as despesas da Câmara, no valor de 100 mil contos anuais, em estagiários contratados, avençados, e tarefeiros admitidos sem concursos públicos. "A decisão sobre as obras no pelourinho, baseada na maioria absoluta do PSD, sem ouvir os covilhanenses, nem mesmo a Assembleia Municipal, é abusiva. Tendo em conta a data que estamos a comemorar, é necessário chamar a atenção para formas mais democráticas do exercício do poder", afirmou.

"Decisão política tem um rosto"

Carlos Pinto respondeu às críticas de Armando Morais do PCP argumentando que "na Covilhã a decisão política tem um rosto com responsabilidades", referindo-se às sessões nobres da Câmara em que estiveram em discussão as obras no Pelourinho, qualificando a intervenção de Armando Morais como "simplória".
"O 25 de Abril é mostrar que a democracia é essencialmente a marca criadora do aumento do bem estar e da qualidade de vida de todos", referiu o presidente da edilidade. E em relação ao panorama actual da sociedade portuguesa, Pinto defendeu que "vivemos um primado da tecnocracia sem rosto. O economicismo vence em detrimento do social." "O primado do político sobre o económico que está estabelecido na nossa Constituição da República parece estar esquecido", lamentou no discurso que encerrava a sessão da manhã.

Poder Local, ganho da revolução

No discurso do representante do Partido Social Democrata, Bernardino Gata relembrou o orgulho das populações numa das grandes conquistas do 25 de Abril, o Poder Local. E por isso criticou o processo de regionalização proposto pelo Governo rotulando-o de "inócuo, despesista e perigoso". Congratulou a actividade no poder desde há dois anos do executivo do seu partido "que veio suceder à inércia absoluta da anterior governação". E lembrou algumas concretizações da autarquia com o presidente Carlos Pinto. "O Cartão do Idoso, a Habitação Social, o diálogo com as freguesias na gestão dos recursos financeiros - isto é fazer Abril, isto é fazer solidariedade. Este executivo faz o que Abril abriu", defendeu Bernardino Gata. "O 25 de Abril é sobretudo uma data de reconciliação nacional, com um tónico importante nos três D's da revolução : Descolonizar, Democratizar e Desenvolver".
José Martins do Partido Socialista relembrou a importância da educação das camadas mais jovens para uma vida pública consciente e cívica. "Hoje passados 26 anos é necessário lembrar à nossa juventude a história desta reconquista da liberdade". "Para que os nossos netos um dia não digam que de tanta roupa lavar, os nossos avós se esqueceram do importante que a satisfação pessoal passe por ambiente limpo onde o homem passa a ser fruto de autêntica liberdade", sublinhou o socialista.
Isilda Barata, representante do Partido Popular (PP), defendeu no seu discurso que "não basta implantar um regime sobre os escombros de um regime apodrecido. Uma democracia que adormece, acorda ditadura".
"Urge dar corpo e alma ao verdadeiro espírito e anseios desta data. E assumir esse espírito é dar maior protecção aos desfavorecidos e é o dar mais e melhores condições de vida ao nosso povo", afirmou o presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, Carlos Abreu.

Comemorações protocolares

Ao fim da manhã, Carlos Pinto entregou dois veículos adaptados a dois deficientes motores do concelho. "Mais uma vez as autarquias substituem o Governo". O presidente afirmou que todos os casos de deficientes do concelho a necessitar de apoio estão identificados e a ser estudadas soluções.
Durante a sessão solene procedeu-se à assinatura do protocolo entre a Câmara Municipal e os Serviços Sociais e Culturais dos Trabalhadores do Município da Covilhã para a cedência de dois lotes de terreno para construção urbana, com vista à construção de habitação social para funcionários, em terrenos camarários no Pinhal do Gaiteiro, Bairro da Biquinha, freguesia da Conceição.
Foi também lançado o livro duplo do professor José Reis Barata intitulado "Cila e Caribdis - Rosto de Sentir", uma compilação de poemas, e "Contracurva". Reis Barata é uma das caras da luta pela liberdade, antes e depois do 25 de Abril, na cidade da Covilhã. Esteve ligado ao ensino, à política e ao jornalismo, sempre pelo apelo a uma cidadania participativa. "Contracurva" é uma recolha de textos de opinião publicados pelo autor quando redactor no semanário Notícias da Covilhã: "Um recurso importante para a história das últimas décadas do concelho".






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