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Guterres está a favor mas co-incineração não reúne consenso
Quando a solução é o problema

Se depender de António Guterres, Souselas e Outão vão mesmo ser palco da co-incineração. A oposição não aceita, um técnico da Comissão Europeia alertou para fortes penalizações resultantes da violação de normas europeias, mas o primeiro-ministro acredita no relatório científico e não vê sequer necessidade de submeter o assunto a votação na Assembleia da República.

Invocando Galileu e o episódio em que a comunidade, opondo-se à adopção do método científico, o forçou a declarar que o Sol gira em volta da Terra, António Guterres afirma que "a decisão política deve basear-se na evidência científica". Uma evidência que aponta agora para a aprovação da co-incineração em Souselass e Outão.
O primeiro-ministro falava em Valença do Minho, onde se deslocou este sábado para participar na convenção autárquica distrital do Alto Minho do PS, na qualidade de secretário-geral do partido. No seu discurso, subscreveu largamente a opinião do ministro do Ambiente, José Sócrates, igualmente favorável à co-incineração. Ambos baseiam a sua opinião nas conclusões do relatório da Comissão Científica Independente (CCI), que garante a segurança do processo.

Alternativas precisam-se

No entanto, este estudo tem sido considerado insuficiente pela oposição, que exige que o assunto seja debatido e votado na Assembleia da República. O Partido Popular já avisou que vai solicitar um debate de urgência.
Por outro lado, Alexandre Paquot, da Direcção-Geral de Ambiente da Comissão Europeia, sublinhou recentemente, em Coimbra, que a incineração de óleos usados nas cimenteiras é uma violação das normas europeias que pode custar muito caro ao Estado português. Se permitir esta incineração, Portugal não estará a cumprir uma directiva europeia que subscreveu e se comprometeu a respeitar em 1996. De acordo com esta norma, a queima de resíduos industriais deve ser assumida como solução exclusivamente depois de esgotadas todas as alternativas existentes para esse tipo de resíduos, como é o caso da reciclagem e reutilização.
No entanto, em Portugal os óleos usados ainda não têm solução alternativa à sua queima. Existe, contudo, uma empresa (a Sarp-Industrie) interessada em introduzir o processo de regeneração de óleos no nosso País. Um interesse que, de acordo com um responsável pela empresa, será abandonado caso a co-incineração seja aprovada e as cimenteiras assumam uma posição monopolizadora.

 

 
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