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Palestra sobre Investigação Operacional sublinhou
"Tudo tem que ser pensado "

POR DANIELA MALHEIRO

O "Primavera 2000 " continua a decorrer na UBI. Um ciclo de palestras de Engenharia Aeronáutica que ao longo de três meses põe em cima da mesa vários assuntos ligados ao curso e ao exercício de futuras profissões.

"È conseguir pegar em problemas que me parecem complicados e estruturá-los de forma simples", foi desta forma que Jorge Silva, docente do departamento de Ciências Aeroespaciais da UBI iniciou a palestra da passada quarta-feira dedicada à investigação operacional. Este ciclo de palestras teve início em Março, e até ao dia 7 de Junho será uma realidade todas as quartas-feiras na sexta fase da UBI. Muitos foram os alunos presentes para esclarecer dúvidas e expor problemas. Para os estudantes o objectivo foi "presenciar mais de perto realidades que se prendem com o futuro da nossa profissão ".
Jorge Silva foi de resto o responsável pela palestra e como docente de disciplinas ligadas à área de Gestão, tentou explicar da melhor forma toda a matéria relativa a esta área. Actualmente é assistente da disciplina de Aeronaves Especiais do 4º ano de Engenharia Aeronáutica.
A metodologia a ser utilizada na investigação operacional foi o primeiro ponto a ser tratado. O professor começou então por falar na identificação de problemas como primeiro passo para um verdadeiro método de investigação. Com isto se explicou em que consiste a investigação operacional. Ficou claro que se trata de "investigar o modo de operar. Pensar primeiro para realizar da melhor forma todas as operações necessárias". Averiguar tudo o que for passível de se tornar operacional.
A estruturação de situações complexas, exploração de alternativas e análise de dúvidas foram os pontos seguintes da metodologia. A exposição do método concluiu-se quando foram focados os processos de decisão e implementação de mudanças como pontos fulcrais. "Trata-se de todo um conjunto de situações que ajudam a melhor decidir", referia Jorge Silva.

Técnicas de bem fazer

À medida que a palestra decorria, foram sendo referidas as várias áreas onde se pode e deve fazer todo o tipo de investigação operacional. No domínio das técnicas, os assuntos já são conhecidos da generalidade das pessoas do quotidiano. Ou seja, prever, programar, analisar e informar para optimizar tudo da melhor forma, é algo que quase todos sabem. O que escapa muitas vezes é "encontrar a melhor maneira de o fazer". Esta via de bem fazer passa sempre "por um processo de simulação". Quer dizer experimentar antes para poder prever o que vai acontecer. Para falar de casos conhecidos de investigação operacional e posterior simulação, foi dado o exemplo dos bancos e dos hipermercados. Basicamente, como se empreende com sucesso uma empresa nestas áreas, desde o seu funcionamento, passando pelos muitos clientes e a liderança no mercado. Jorge Silva explicou detalhadamente como é que, no caso dos bancos, estes organizam o seu atendimento ao público. Ficamos a saber que por exemplo as filas de espera são pensadas e simuladas até ao minímo pormenor, tudo para garantir o atendimento mais eficaz.
No caso dos hipermercados, tudo se conjuga para entreter e atrair todo o tipo de clientes. Não é por acaso que os brinquedos estão nas estantes mais baixas ao alcance das crianças, as promoções nas secções da entrada, etc. Este tipo de exemplos cativou sem dúvida a atenção dos alunos, uma vez que são coisas que estes vêem todos os dias, mas nunca pensam como são feitas.
Foi ponto assente que uma série de ideias bem estruturadas e um planeamento efectivo têm que estar sempre por trás de algo que se espera ser bem sucedido. É a técnica do "saber fazer e fazê-lo bem". Um conjunto de operações que resulta numa política que se aplica hoje mais do que nunca e nas mais diversas áreas.
Apesar da palestra ser dirigida aos alunos de Engenharia Aeronáutica, o assunto tem aplicação para todos os cursos da UBI e muitos outros do ensino superior. Como não eram ideias estanques ou desconhecidas, o interesse do auditório foi mantido de princípio ao fim.
Houve ainda tempo para se falar no Sagres, o avião a ser preparado no Departamento de Aeronáutica. "Ao introduzir a investigação operacional na Sagres, fizeram-se desde então grandes desenvolvimentos técnicos e metodológicos que permitiram trabalhar as várias operações posteriores", garantiu o orador.

O marketing e a informação

Todos os temas tratados na palestra estavam pois relacionados com gestão, marketing ou informação; o mesmo é dizer, "vender, orientar e dar a conhecer". É que "este método de investigação pode ser aplicado com êxito em muitas áreas como medicina, ecologia, engenharia, finanças ou comunicação". Porque tudo o que faz é gerir produtos, recursos e stocks. Primeiro começa-se sempre pelo estudo de mercado, o ponto de partida para todas as avaliações.
Numa sociedade de concorrência, "em que o mercado dita todas as leis, não faria sentido agir de outra maneira". Falta de planeamento é fracasso pela certa".
Seguindo o princípio de que "vale a pena perder um pouco de tempo para optimizar melhor os recursos que temos", a pessoa que trabalha na investigação operacional mais não é do que um preparador de cenários alternativos.

O ensino da investigação operacional

Actualmente a disciplina já é parte integrante de várias Licenciaturas e Mestrados nas maiores universidades portuguesas - Açores, Aveiro, Porto, Coimbra e Lisboa. Na UBI faz parte de muitos cursos nas várias ciências. Já há inclusive em Portugal Licenciaturas e Mestrados só de investigação operacional.
Para além disto, há diversas associações europeias, todas elas com pessoas especializadas para fazer investigação em todas as áreas. A APIO - Associação Portuguesa de Investigação Operacional é a de maior representação no nosso País.






 
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