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Festa sportinguista adiada
Simplesmente cruel

POR LUÍS NOGUEIRA

O cenário estava montado, a festa iminente, mas não se contava com a "desfeita" do convidado. Para uma larga fatia de portugueses, era talvez o dia mais esperado dos últimos dezoito anos. Para os outros podia ser a oportunidade de viver um sereno sadismo e experimentar até um doce sentimento de vingança.
O jogo não era absolutamente decisivo para o Sporting. Aliás, os adeptos do clube de Alvalade tentaram até desvalorizá-lo. Tiveram azar, ou se calhar… tiveram o que mereciam. Agora, na última jornada, a prova de fogo, em Paranhos, poderá ser a grande oportunidade para saborear a glória. Se o Sporting ganhar, prova definitivamente a inteira justiça da conquista do título, num jogo de enorme pressão, perante um adversário que não pode facilitar, num ambiente que se adivinha de tensão quase insuportável. Se perder… bom, se perder, não vale a pena sequer tentar imaginar o tamanho da desilusão.
Contra o Benfica, Sábado passado, não houve da parte da equipa do Sporting agressividade suficiente. Houve talvez, em contraste, execesso de serenidade, uma auto-confinça que, se permitiu à equipa controlar o jogo, concreta e psicologicamente, lhe retirou objectividade e inibiu a vontade de vencer. A equipa de Alvalade não jogou mal, o problema é que não jogou o suficiente.
Perante um adversário invulgarmente sólido na cobertura da sua baliza (o que é mais estranho, pois a linha defensiva foi uma solução de recurso), o Sporting foi incapaz de abrir espaços através da alas, ou em triangulações à entrada da área, ou construindo o jogo a partir da sua defensiva sempre que tinha a posse de bola (o que aconteceu a maior parte do encontro). Aquele que foi o verdadeiro abono da equipa esta temporada, Acosta, teve em Ronaldo um defesa de regresso às boas exibições. E nem as muitas faltas que conseguiu arrancar à entrada da área (quantas vezes duvidosas e até anti-desportivas) foram aproveitadas pelo marcador de livres, André Cruz.
Mais uma vez se provou a ironia do futebol: à primeira tentativa, no único lance de bola parada verdadeiramente perigoso para a baliza do Sporting, Sabry, cujo desempenho fôra até esse momento decepcionante, estendeu um manto de dor sobre a expectativa festiva dos adeptos verde e brancos. Para os benfiquistas que nunca se esqueceram da "ousadia" de 1986, quando a vitória do Sporting na Luz deu o título ao F. C. Porto, não podia ser mais deliciosa esta pequena vingança. Para mais, quando as esperanças de uma vitória sportinguista estavam ao rubro: a dois minutos do final, o momento exacto para impossibilitar a veleidade de qualquer recuperação. Cruel, sem dúvida.

 

 
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