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Polémica de terrenos reservados ao campus da saúde sobe de tom
Câmara e UBI
de "candeias às avessas"

POR RICARDO GUEDES PEREIRA*

Pinto confirma o licenciamento de construções privadas em terrenos reservados à criação da Faculdade de Ciências da Saúde. Mas, garante, não condiciona a sua criação

O presidente da Câmara Municipal, Carlos Pinto, refutou todas as criticas que lhe foram dirigidas pela Comissão Política do PS-Covilhã que o acusa de violar o Plano Director Municipal (PDM) e, em sequência disso, condicionar a expansão do Campus da Saúde na área em redor do Hospital da Cova da Beira. Uma polémica que já levou o Reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), Santos Silva, a afirmar que pretende esclarecer estes factos em reunião com o autarca.
A denuncia do PS-Covilhã tem por base o facto da autarquia covilhanense ter licenciado a construção de empreendimentos privados, no perímetro de terrenos reservados à execução de equipamentos da nova Faculdade de Ciências da Saúde.
Carlos Pinto, opôs-se vigorosamente a estas criticas, afirmando que esta polémica apenas foi despoletada porque responsáveis da UBI entregaram alguns documentos a um partido político, "acusando a Câmara de criar obstáculos ao desenvolvimento da Faculdade".
Durante uma sessão de esclarecimento, realizada na última terça-feira, 9, sobre a implantação da nova instituição de ensino, Carlos Pinto, demonstrou, recorrendo a informações de vários documentos, que nada impede o desenvolvimento dos projectos que a UBI apresentou ao Governo, quando se candidatou à criação da primeira Faculdade de Ciências da Saúde no Interior do País. Apesar de convidado, Santos Silva faltou ao encontro por participar, à mesma hora, em compromissos já assumidos, ainda assim, também não se fez representar pelos seus vice-reitores.
Esta ocasião foi aproveitada pelo autarca para confirmar o licenciamento de dois projectos privados na Unidade Operativa de Planeamento (UOP) nº 18, alvo de um plano de pormenor, que integra todos os terrenos que, em princípio, vão acolher as infraestruturas do Campus da Saúde. Os dois investimentos vão ser localizados junto a uma nova via que o município projecta executar entre o eixo TCT e a Variante de acesso. A construção de 175 residências universitárias, cujas obras devem começar ainda este mês, e a criação de uma área comercial vai dotar aquela zona da cidade de "alguma fixação". O edil covilhanense promete mesmo que aquela área residencial é a primeira peça integrada no futuro Campus.

Universidade não adquiriu terrenos

No dossier de candidatura à criação da nova faculdade, elaborado em 1996, a UBI previa a construção de residências universitárias junto do Hospital da Cova da Beira. A autarquia decidiu, porém, deslocar o investimento para outra zona. Alteração de planos que, na opinião de Carlos Pinto, não inviabiliza a execução dos novos equipamentos de ensino.
O autarca, devolve as criticas, aproveitando para recordar que a UBI ainda não adquiriu, a privados, os terrenos em redor do Hospital para aí instalar o Campus da Saúde. "A Universidade não tem jurisdição sobre nada, tem jurisdição sobre os terrenos que compra. Enquanto não os compra, não tem jurisdição sobre eles", contra-ataca. Recorde-se que a instituição projecta erguer nessa zona, para além da faculdade, um centro de investigação, uma área residencial de apoio, uma extensão de saúde e alguns laboratórios.
Todas as infraestruturas estão incluídas na Unidade Operativa, alvo de um plano de pormenor, que consta do PDM da Covilhã entretanto aprovado. Apesar das alterações agora anunciadas, Pinto assegura que o PDM não foi violado. Tal cenário, apenas teria ocorrido se aquele local integrasse uma reserva biológica ou agrícola nacional.

"Arma política"

Pinto lamenta a polémica que estalou durante a última semana e que, diz, torna a nova faculdade "uma arma política". Objecto destabilizador do processo, numa altura em que idêntico plano caminha, a "velocidade de cruzeiro", na cidade de Braga.
Explica, em pormenor, que o licenciamento da área residencial de apoio e da zona comercial é uma decisão que resulta da necessidade de conciliar diferentes interesses e que "escapam a quem apenas vê uma coisa". Pinto revela ainda que à sua autarquia não chegou até agora o projecto que a maior instituição de ensino da Covilhã planeia para executar naqueles terrenos: "Sabemos que são precisos 50 mil metros quadrados, porque lemos o livro de candidatura da faculdade. Não há qualquer documento oficial que nos foi entregue".
A ausência de coordenação de sinergias entre a Câmara Municipal e a UBI foi, para os convidados presentes no encontro de esclarecimento, evidente.
No final da sessão, as principais criticas à forma como Carlos Pinto conduziu este processo, foram ouvidas por parte de Isaura Reis, deputada na Assembleia Municipal pelo Partido Comunista (PC). A autarca considera que o encontro foi uma mera "sessão de envenenamento" que não dignifica a cidade. A juntar a este argumento, acentua que o presidente do município ignorou, deliberadamente, a designação "Pólo III da UBI" como pertencente à Unidade Operativa nº 18.
Por outro lado, João Casteleiro, director do Hospital da Cova da Beira, também presente na sessão de esclarecimento, em declarações ao NC, refere que "esta conflitualidade tem de ser esbatida". Ainda assim, não acredita que o desentendimento entre a Câmara Municipal e a UBI ponha em causa o Campus da Saúde.

PS recorre a Tribunal

Entretanto, as criticas do PS-Covilhã sobem de tom à forma como Carlos Pinto "condiciona a expansão" da Universidade. Em comunicado chegado às redacções do nosso jornal, a Comissão Concelhia do PS repete as denuncias e os receios que manifestou durante a conferência de imprensa, por si promovida em 28 de Abril.
Em face desta avaliação, informa que vai apresentar uma exposição ao Tribunal Administrativo de Coimbra, Comissão de Coordenação da Região Centro, Inspecção Geral da Administração do Território e Ministério da Tutela a fim de "serem apurados os competentes procedimentos aplicados".

*NC / Urbi et Orbi

 

 
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