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Bolsas em atraso
Estudantes de Cabo Verde esperam e desesperam

POR ANTÓNIO VERÍSSIMO

Os universitários que são bolseiros financiados pelo governo de Cabo Verde estão a enfrentar sérias dificuldades financeiras. Depois de um conturbado início de ano lectivo, as preocupações voltam a agravar-se: não recebem a bolsa já lá vão dois meses.
Segundo informações difundidas pela Embaixada de Cabo Verde, em Lisboa, muito simplesmente "não há dinheiro". As autoridades cabo-verdianas da capital portuguesa recomendam aos bolseiros para "amarrarem a corda na barriga" porque ainda não há uma data estipulada para regularizar o pagamento das bolsas.
Para remediar a situação, fala-se num subsídio (de 21 contos) que será atribuído aos estudantes com mais de duas matrículas.
Efeitos desta situação já se fazem sentir nos estudantes da UBI, que já manifestaram a intenção de não aparecerem nas frequências (provas de avaliação) nem nos exames, caso a situação não seja solucionada num curto prazo de tempo.
A fome já bate à porta de muita gente, a pressão dos senhorios a pedir a renda, a época dos exames - tudo isso tem contribuído para desorientar os estudantes cabo-verdianos na Covilhã.
Para alguns alunos que, pediram anonimato, por receio de serem reconhecidos e embaraço, esta é, uma vez mais, a atitude do governo de Cabo Verde para com os seus futuros quadros superiores.
Ninguém compreende o que se passa, mas os comentários que circulam na Beira Interior revelam que são problemas internos do Movimento para a Democracia (MPD) partido no poder. "Passamos mal, sem dinheiro para comer, sem dinheiro para tirar as fotocópias e para comprar os livros. Somos nós a pagar as divergências entre os militantes e dirigentes do MPD?", questionam-se os bolseiros do governo de Cabo Verde.
Este ano poderá haver um grande número de chumbos dos universitários cabo-verdianos, já que muitos abandonam as aulas para tentar a sua sobrevivência junto dos familiares noutros países, como Holanda, França; ou então trocam os livros pela pá e picareta nas obras da construção civil.
Recorde-se que este ano é a segunda vez que os dependentes da bolsa cabo-verdiana estão a viver momentos difíceis. Já no primeiro semestre, muitos alunos deixaram cadeiras em atraso por dificuldades financeiras devidas ao não pagamento atempado das bolsas.
Agora, no final do segundo semestre, idêntica situação volta a verificar-se. Os estudantes que já pensam em manifestar junto da Embaixada, em Lisboa, nos próximos dias do mês de Junho. Os cabo-verdianos da UBI, mesmo vivendo com dificuldades, garantem que os objectivos serão cumpridos, levar uma formação superior para a sua terra natal.

 

 
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