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Investimentos em obras não fomentam o desporto
Tânia de Jesus · quarta, 29 de maio de 2013 · UBI Segundo estudos apresentados por Mário Teixeira, não é através da construção de equipamentos desportivos que se captam mais praticantes. A construção dos estádios do Euro2004 é um bom exemplo disso para este docente da Universidade de Évora, que participou num seminário na UBI. |
Gestão Desportiva e autarquias em debate |
21965 visitas A escassos meses da realização das eleições autárquicas, a Universidade da Beira Interior realizou, no dia 22 de maio, o seminário ‘Desporto e Poder Local: a necessidade de uma intervenção sustentável”, no qual se procuraram soluções para a gestão sustentável de associações desportivas, independentemente do financiamento das câmaras municipais. De acordo com Dina Miragaia, representante do Departamento de Desporto da UBI, a “altura crítica do país” é definitivamente uma “boa altura” para desfazer o mito que “se devem gerir organizações em dependência de outras”, salientando no entanto que “o poder local tem sido determinante no suporte de muitas associações desportivas” em Portugal. Mário Teixeira, docente da Universidade de Évora, garantiu aos estudantes presentes que “há oportunidades no mercado de trabalho, inclusivamente em Portugal”, particularmente na Gestão Desportiva, todavia estas “já não são para todos, apenas para os melhores”, incentivando deste modo os alunos a procurarem ser “melhores, mais competentes e mais competitivos”. Segundo o investigador, as autarquias devem traçar, aquando do programa eleitoral, uma “agenda de trabalho para 2016”, na qual devem incluir as políticas desportivas que pretendem desenvolver, cuja finalidade mais elementar deve ser “o bem-estar das populações”. Para este especialista, a implementação das políticas desportivas regionais tem sido afetada pela “ausência de uma estratégia claramente definida”, pelos “condicionalismos políticos” e pela “falta de entusiasmo dos cidadãos”. A este facto acresce “a ausência de uma avaliação” da execução das políticas de desporto por parte das autarquias, que não se centre apenas nas “questões jurídicas e económicas”. Sendo, de acordo com o investigador, urgente que as políticas desportivas considerem “o contexto socioeconómico” do meio envolvente, reforcem “o capital humano diretivo” e apliquem “um modelo de financiamento sustentável”. Maria José Carvalho, docente da Universidade do Porto, salientou que o desporto é uma “matéria de interesse público” e por isso as autarquias têm “a obrigação constitucional” de lhe dar valor e consequentemente promovê-lo. De acordo com a investigadora portuense, o “desporto de hoje não pode ser pensado como o desporto de outrora”, na medida em que existem “novas modalidades”, uma “maior influência da tecnologia”, e uma mutação na própria sociedade. Todavia, apesar das mudanças o desporto “deve sempre contribuir para a formação dos atletas”, e é “sem dúvida, um fator de desenvolvimento cultural, social e económico”. Para Maria José Carvalho, as empresas municipais de desporto chegaram ao fim, uma vez que desempenhavam um papel que de antemão era “realizado pelo próprio pelouro” e muitas delas “centravam-se apenas numa atividade desportiva”. No final do seminário, Daniel Marinho, presidente do Departamento de Ciências do Desporto, abordou o escasso número de alunos presentes no evento. “Obviamente, que gostava de ter enchido o auditório, todavia prefiro ter aqui poucas pessoas mas interessadas, do que muitas por obrigação, na medida em que às vezes treinar menos é treinar melhor”, explicou. |
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