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Mifune




Søren Kragh-Jacobsen,
1999, Dinamarca


O realizador deste filme afirmou que as restrições ao trabalho de criação cinematográfica podem, quando aceites, resultar num desafio interessente. No caso deste Mifune, é difícil discordar. O terceiro capítulo da "saga" Dogme 95 leva para novos caminhos (mais campestres) a prática de uma teoria cinematográfica que se revela cada vez mais inovadora, apesar de, aparentemente, restringir ao máximo as possibilidades. Acontece é que a restrição está nos elementos técnicos e não nos humanos - e assim se filma boas histórias e se comove os espectadores.
Mifune, tal como "Festen" e "Idioterne", coloca os dinamarqueses (os ocidentais, na realidade) no sofá do psicanalista - só que todos ao mesmo tempo. Se bem que mais psicológico que os anteriores filhos-do-dogma, é menos perturbador, como que a mostrar que se pode rir e enternecer com a nossa/dos outros degraça. Novamente o casting é irepreensível - parecemos ter à nossa frente no ecrán pessoas reais e não personagens que desaparecem ao som de "corta!".
Por fim a nível técnico, e agora finalmente tudo em película (grande parte de "Festen" e "Idioterne" são filmados em vídeo), temos som directo e crú, todo o esplendor de cores saturadas e sombras tão profundas como as do expressionismo alemão - só que verdadeiras.
O filme é antecedido, em Portugal, pela curta-metragem "Entretanto", de Miguel Gomes. Não precisa preocupar-se em chegar tarde ao cinema.

Pedro Homero


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