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Festival Y com "armadilha" num dos espectáculos
Fábio Júnio Cunha · quarta, 29 de outubro de 2014 · Cultura Da música à dança, do teatro à performance, há de tudo no Festival Y. São já dez edições que permitem o acesso à arte de um modo plural. De ano para ano sempre diferente, nas ideias, na estética mas também em relação aos criadores ou aos fazedores de cultura. |
Dança/performance “The Trap”, Mariana Tengner Barros |
21957 visitas No penúltimo dia do Festival Y, 23 de outubro, o solo “The Trap”, da bailarina e coreógrafa Mariana Tengner Barros, trouxe os “corpos do velho glamour” – divas do cinema e estrelas burlescas do nosso passado. “Falo com Deus, falo sobre os mercados financeiros sobre a situação da arte em Portugal e em geral e a minha condição, a minha visão dentro deste mundo de uma forma irónica. Estou dentro de um personagem, portanto, há várias camadas pelas quais eu vou passando e que vou levando o público numa viagem”, declarou Mariana Tengner Barros, antes do espetáculo. “The Trap” é uma armadilha dentro de outra armadilha – a sociedade do espetáculo. Mariana Tengner Barros procura continuar a trabalhar sobre a temática da identidade do corpo e o poder da sua representação na arte e nos media, explorando a sua relevância nos fenómenos sociais da “fama”, “aparência” e “simulacro”. É a dança e a performance que refletem histórias de hoje, e a armadilha, ou “The Trap”, também fez parte do calendário das iniciativas. Rui Sena, diretor artístico do Festival Y, diz que este festival “foi criado para mostrar o que de mais contemporâneo se faz em Portugal, mas também na Europa, e fazer da própria região uma plataforma de passagem desses criadores que, ao fim e ao cabo, têm formas de cruzamento mais híbridas em relação às várias disciplinas”. A apresentação da dança/performance teatral teve a duração de aproximadamente 45 minutos e apresentou o modo como as pessoas se representam e se mostram, as tensões entre “parecer” e “ser”, o glamour e a sua destruição, o ridículo que emerge nos processos de construção e desconstrução da nossa própria imagem e identidade. Conceções estas que sugeriam reflexão por parte do auditório. Em 2013, Mariana Tengner Barros venceu o Prémio do Público no ImpulsTanz-Festival Internacional de Dança de Viena, na Áustria, com este solo. Susana Correia, 19 anos, considerou que “foi um espetáculo que correspondeu às expectativas. Uma performance muito bem conseguida, tanto em termos críticos como em termos visuais. Bons momentos de tensão que contrastaram com um belo humor físico. Sem pudores, sem rodeios e com um guião de comer e chorar por mais”. “O que nós desejamos é que as pessoas que escolheram viver na região tenham acesso aos espetáculos tal e qual como têm os que vivem nas grandes cidades, e isso foi outro dos objetivos conseguidos. É evidente que ao longo destes anos fomos construindo um público, mas o público acaba por estar sempre dependente do próprio movimento das cidades” declarou ainda Rui Sena. O festival, que decorreu entre 8 e 25 de outubro, na Covilhã, prometia “cem lições de moral quanto à cultura e à arte”. Procurou “através da música, da dança, do teatro e da resistência artística, bem como das temáticas”, uma diferenciação e uma complementaridade. “É esta pluralidade de ideias, de estéticas, de criadores que nos agrada”, referiu Rui Sena. Pelo Festival já passaram dezenas de atores e atrizes de diferentes meios artísticos e tendências, e por isso o Y transformou-se numa referência na captação de públicos no interior do país. |
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