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George Orwell,
Edições Antígona,
Lisboa, 1997


1984


"Com o desenvolvimento da televisão e os avanços técnicos que tornarão possível emissão e recepção simultâneas através do mesmo aparelho, a vida privada acabou. Cada cidadão (...) pode ser mantido vinte e quatro horas debaixo dos olhos da polícia e sob a influência da propaganda oficial (...). A possibilidade de impor a todos os súbditos não só obediência absoluta à vontade do Estado, mas também uma absoluta uniformidade de opinião, existe agora pela primeira vez."

Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é a obra mais emblemática do escritor britânico Eric Arthur Blair mais conhecido por George Orwell (1903 - 1950).
Publicado pela primeira vez em 1949, acabou por tornar-se um clássico da literatura mundial, revelando cada vez mais actualidade à medida que o tempo passa.
A acção tem lugar no ano de 1984 numa altura em que o mundo se divide em três superpotências. Completamente uniformizados, os habitantes destas sociedades são constantemente vigiados (o eterno Big Brother "always" watching) e as suas acções controladas com mão de ferro pela Polícia do Pensamento, força composta por "escravos absolutamente dedicados, incapazes de por em causa o que quer que fosse".
O partido único, gangrena que se apoderou do sistema social, não tolera desvios à política oficial e mantém a população constantemente sob a sua propaganda. A própria língua foi alterada para satisfazer as necessidades ideológicas do partido, e tornar impossíveis todas as formas de pensamento alternativo. A liberdade política e intelectual fora simplesmente banida bem como os seus conceitos. Tudo o que as pessoas tinham de humano sucumbira perante o totalitarismo infernal.
Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é um escrito político, tal como a maior parte das suas obras. A critica e ridicularização do totalitarismo está presente neste livro como em nenhum outro. Acusa a violência asfixiante exercida na mente e na inteligência dos indivíduos, que impedidos de pensar se reduzem a máquinas executantes. Mas é mais, acompanha o percurso de Winston Smith na sua luta contra o poder estabelecido até cair aos pés do seu maior medo. encontro do homem com a sua face primária: perante os nossos receios mais básicos depressa abandonamos os nossos ideais.
Em 1949 este livro constituía um sério aviso às sociedades que se desenhavam no pós-guerra. Como em todas as profecias nem tudo se realizou. Mas com alguma atenção, encontramos Mil Novecentos e Oitenta e Quatro escrito no nosso quotidiano. Numa altura em que tudo se produz na lógica do lucro e das massas; numa altura em que novas tecnologias permitem satélites com capacidade de manter sob escuta simples conversas telefónicas; numa altura em que os media se concentram nas mãos de poucos, vangloriando-se de poder vender presidentes como um mero sabonete, a nossa liberdade está em perigo.
Quando um simples cidadão como o "hacker" informático Kevin Mitnick, afirma que "usar um computador para passear pelos segredos que os amigos escondem é como explorar novas terras e gentes", então temos a que acreditar que um número infinito de big brothers is "seguramente" watching us!

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