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Jay Fishman e Renée Fox, dois especialistas em lados opostos


Especialistas norte-americanos debatem
xenotransplantes em Lisboa

Na fronteira entre a vida
e a ética

Vencer a morte é um desafio diário para milhares de investigadores de todo o mundo, que vivem numa luta constante contra o tempo. No desejo de salvar vidas, é cada vez mais difícil traçar a fronteira e estabelecer limites ao que se pode e não pode fazer.

Os xenotransplantes - transplantes com órgãos de animais - estão nesse limite e, por isso mesmo, causam polémica. Uma questão debatida na semana passada, em Lisboa, numa conferência sobre Manipulação da Vida Humana, que decorreu na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e reuniu dois especialistas norte-americanos: a socióloga Renée Fox e o médico Jay Fishman. A primeira, conhecida como "consciência internacional da ética médica", veio falar sobre os perigos dos xenotransplantes. O segundo, especialista em transplantes, considera-os a alternativa mais viável perante a escassez de órgãos.

Três alternativas

São cada vez mais as pessoas que necessitam de um transplante, e cada vez mais difícil encontrar orgãos suficientes para suprir essas necessidades. A procura de técnicas alternativas é a única solução possível e, por isso mesmo, tem motivado especialistas de todo o mundo.
De acordo com Jay Fishman, temos três hipóteses alternativas aos transplantes convencionais: dispositivos ou órgãos mecânicos, órgãos humanos criados em laboratório, através da clonagem terapêutica, e transplante de órgãos ou tecidos de outros animais - os xenotransplantes. De acordo com o médico, esta última revela-se, por enquanto, a melhor hipótese.
Mas Renée Fox tem dúvidas. "O mais importante para mim é entrar dentro do modo como estas experiências são vividas pelos médicos, pelos enfermeiros, e especialmente pelos doentes. E é aí que tenho uma visão mais crítica sobre estes transplantes."

Uma realidade muito jovem

A socióloga levantou ainda a questão de este tipo de transplante implicar o sério risco de transmitir doenças de outras espécies à espécie humana e de a alterar irreversivelmente. Fishman responde que é possível que "os xenotransplantes tragam infecções aos receptores humanos mas, no que toca a novas doenças, é muito difícil de provar."
Um debate que se revelou inconclusivo e que traduziu as muitas dúvidas ainda existentes entre a comunidade científica no que toca a este assunto. "Os transplantes são uma realidade muito jovem", refere Fishman. "Embora o primeiro transplante [de um rim] tenha sido feito em 1954, este tipo de prática ainda não é muito conhecida. Por isso é compreensível a polémica em torno dos xenotransplantes".






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